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Siga esses passos para não esquecer mais nada do que aprende

Vença a curva do esquecimento e aprimore seu aprendizado a partir da revisão espaçada, estratégia que ajuda a reter informações

Por Luccas Diaz
5 fev 2024, 20h49
Desenho de cérebro humano, cercado de setas vermelhas
 (Freepik/Reprodução)
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Você já teve a sensação de estudar e pouco tempo depois se esquecer de tudo? Por mais que você leia e pratique os exercícios, o conteúdo parece que simplesmente some da sua cabeça passados os dias? Se sim, saiba que não está sozinho. Na verdade, se você se identificou com a situação descrita, é vítima de um fenômeno antigo e que acomete bastante gente.

A razão por trás do esquecimento dos estudos é investigada há muito tempo, e, mesmo que ainda não haja uma resposta definitiva, técnicas para fugir dela já são conhecidas. Uma delas é a revisão espaçada.

O método é baseado na chamada “curva do esquecimento“, teoria cunhada pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus no final do século 19. Por meio de provas práticas e teóricas, ele demonstrou a maneira que o cérebro humano vai esquecendo os tópicos que foram aprendidos em determinado momento. Segundo o pesquisador, imediatamente após aprendermos um novo conteúdo, inicia-se o processo de declínio da memória associada a ele.

O gráfico que relaciona a retenção dos estudos com o tempo em dias forma uma curva descendente, por isso o nome. Veja o gráfico simplificado abaixo. 

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Curva do Esquecimento
(Wikimedia Commons/Guia do Estudante/Reprodução)

Por que esquecemos?

Não existe um consenso definitivo na comunidade científica sobre as razões pelas quais o cérebro tende a esquecer informações. A teoria da decadência, por exemplo, sugere que esquecemos as memórias à medida que deixamos de pensar nelas com frequência. Outra perspectiva argumenta que o esquecimento é uma consequência natural do envelhecimento, influenciado por fatores como estresse, alimentação e qualidade do sono. Há ainda a visão de que os esquecimentos são meros “bugs” no funcionamento cerebral.

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Estudos mais recentes indicam uma possibilidade alternativa: o cérebro pode esquecer intencionalmente algumas memórias para abrir espaço para informações mais relevantes. Em um experimento com camundongos, neurocientistas observaram que os ratos que aprendiam novos caminhos em labirintos mais rapidamente eram também os mais propensos a esquecer as rotas previamente aprendidas.

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Segundo essa teoria, os seres humanos operam de maneira semelhante. Durante os primeiros anos de vida, absorvemos uma quantidade considerável de novas informações diariamente. No entanto, são poucas as memórias claras que perduram dessa época. Você se lembra do seu aniversário de um ano? É bem provável que não.

Ou seja, além de estarmos sempre dando preferência a novas informações, quanto mais rápido e intensamente aprendemos uma nova, maiores são as chances de a esquecermos. E é aí que entra a mágica da revisão espaçada, ou SRS (Spaced Repetition System).

Técnica da Revisão Espaçada

Garota estudando no computador com fone de ouvido, caderno e lápis na mão
(Pexels/Reprodução)
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Uma abordagem eficaz para consolidar as memórias relacionadas ao conhecimento é a “revisão espaçada”. Nesta técnica, que utiliza como base os estudos de Ebbinghaus, o estudante realiza revisões constantes do material aprendido, seguindo um cronograma específico para isso. É uma maneira de impedir que a curva do esquecimento continue o seu trajeto de declínio.

Funciona assim: ao estudar um novo tópico hoje, você deve revisá-lo no dia seguinte, depois novamente após uma semana, e, por fim, uma terceira vez depois de um mês.

Ao seguir essa estratégia, não apenas é possível espaçar e intercalar os estudos, como também ganhar uma flexibilidade maior nas horas de dedicação. Estudos recentes mostram que espaçar o conteúdo ao longo do tempo é mais vantajoso do que tentar absorver tudo de uma vez. Em vez de estudar por 3 horas seguidas em um único dia, e depois nunca mais ver o assunto novamente, é mais benéfico, por exemplo, distribuir 1 hora no presente, 1 hora daqui a dois dias e mais 1 hora na semana seguinte.

No início, o método pode trazer desafios de organização e um pouco de confusão no calendário de estudos – especialmente devido ao grande número de disciplinas envolvidas se você está se preparando para o vestibular ou um concurso, por exemplo. É importante destacar, no entanto, que não é preciso aplicar a prática a todas as disciplinas de uma vez. O processo pode ser gradual e focado inicialmente nas matérias consideradas mais difíceis pelo estudante.

A principal vantagem da revisão espaçada é que ela evita que o estudante caia na armadilha de estudar os conteúdos da mesma forma que se maratona os episódios de uma série: esgotando tudo de uma só vez.

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Praticar essa “ida e volta” constante aos conteúdos faz com que eles permaneçam frescos na mente, dificultando a sua eliminação pelas barreiras das memórias de curto prazo. Quando já se passou dias que se viu determinado tópico pela primeira vez, o próprio ato de tentar relembrar as informações as deixam mais “fortes” no cérebro.

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Revisão espaçada: passo a passo

O formato mais comum da técnica de revisão espaçada para estudantes é o 24-7-30. Com ele, os conteúdos serão revisados seguindo um ciclo de cronograma básico, mais funcional. Veja o passo a passo a seguir.

1. Estude um novo tópico e estabeleça o seu calendário de revisão

Ao fim de um dia de estudos, registre em uma agenda todos os tópicos aprendidos. Em seguida, anote as datas que estes conteúdos devem ser revisitados: no dia seguinte, uma semana depois e um mês inteiro depois. Pronto, o seu calendário de revisão 24-7-30 está feito!

2. Revise após 24 horas

Revise ativamente o material aprendido no dia anterior. A memória ainda estará fresca e, provavelmente, será fácil lembrar os principais tópicos e boa parte dos detalhes. Este momento é crucial, pois é justamente quando a curva do esquecimento começa a mostrar uma queda.

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3. Revisão após 1 semana

Após uma semana do estudo original, é hora de uma segunda revisão. Será mais difícil lembrar o conteúdo, mas é no esforço para rememorar que as conexões neurais se fortalecem. Assim, a curva de retenção é estendida.

4. Revisão após 1 mês

Trinta dias depois do primeiro estudo, uma última revisão para fechar o ciclo. Sem o método da revisão espaçada, a dificuldade seria imensa, com pouca probabilidade de lembrança dos detalhes, e até mesmo dos tópicos principais. Com a técnica, porém, as memórias relacionadas ao assunto tendem a estar reforçadas e, por isso, mais fáceis de serem acessadas.

5. Adapte o calendário

Encerrado o ciclo, fica ao critério do estudante o formato (ou a necessidade) de um novo. O mais indicado é manter o ritmo revisões de mensais, isto é, revisar o conteúdo original, pelo menos, uma vez ao mês. Mas, assim como tudo nos estudos, o método deve ser aperfeiçoado seguindo as necessidades de cada um.

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