Principais sistemas federais de dados da pesquisa brasileira, as plataformas Lattes e Carlos Chagas estão indisponíveis desde a última sexta-feira (23). As duas estão sob a responsabilidade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entidade voltada para o fomento da pesquisa brasileira, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
O apagão dificulta processos essenciais para a documentação e pagamento de bolsas para pesquisadores em todo o país. Nesta terça-feira (26), após suspeitas de que não haveria um backup para os dados perdidos durante o ocorrido, o CNPq liberou um informe com atualizações da recuperação. Mesmo assim, ainda não há previsão de retorno do sistema:
Informe CNPq
Em continuidade aos comunicados sobre a indisponibilidade dos sistemas do CNPq, incluindo as Plataformas Lattes (Currículo Lattes, Diretório de Grupos de Pesquisa, Diretório de Instituições e Extrator Lattes) e Carlos Chagas, fazemos os seguintes esclarecimentos. pic.twitter.com/U3VtkrTdfm— CNPq (@CNPq_Oficial) July 27, 2021
A publicação não cita o motivo do apagão no sistema, mas esclarece que o problema já foi diagnosticado e o processo de reparação foi iniciado. Segundo o órgão, “o CNPq já dispõe de novos equipamentos e a migração dos dados foi iniciada antes do ocorrido”.
O informe ainda indica que não haverá perda de dados da plataforma Lattes ou impacto na oferta de bolsas para pesquisa, já que existem backups para os conteúdos indisponíveis.
No entanto, todos os prazos de ações relacionadas ao fomento do CNPq estão suspensos, incluindo a prestação de contas. Todos os prazos de ofício foram prorrogados.
Repercussão
Nas redes sociais, personalidades e pesquisadores se manifestam a favor da restauração da plataforma e refletem sobre os motivos do apagão.
O apresentador e professor João Barbosa, que participou do BBB21, publicou:
O APAGÃO DO CNPQ É UM APAGÃO NA CIÊNCIA E NO DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO PAÍS. Muito triste! (4/4)
— João Luiz 🏳️🌈 (@joaoluizpedrosa) July 27, 2021
O economista Gilberto Nogueira, o Gil do Vigor, disse:
É grave. É retrocesso. Estamos falando do trabalho árduo de milhares brasileiros. Ciência brasileira salva vidas, mas parece que nosso governo atual não tem interesse por vidas e nem conhecimento.
Continua após a publicidade— GIL DO VIGOR (@GilDoVigor) July 27, 2021
André Azevedo da Fonseca, pesquisador da Universidade Estadual de Londrina (UEL) disse:
O apagão do Lattes não é uma eventualidade descontextualizada. É um SINTOMA.
É o desmonte do CNPq esfregado na nossa cara
Continua após a publicidadeÉ consequência ÓBVIA da hostilidade permanente do atual governo contra a ciência brasileira
É resultado de política anunciada e aplaudida pelo bolsonarismo
— André Azevedo da Fonseca (@azevedofonseca) July 27, 2021
Sabrina Fernandes, PhD em Sociologia, economista e youtuber do canal Tese Onze, ressaltou que, “para a maioria dos pesquisadores no Brasil, manter um lattes não é questão de vaidade, mas questão de sobrevivência e esperança no mercado de trabalho.”
Pra maioria dos pesquisadores no Brasil, manter um lattes não é questão de vaidade, mas questão de sobrevivência e esperança no mercado de trabalho. Não me parece fazer sentido tratar como exagerado o pesquisador preocupado com Lattes perdido no servidor queimado do CNPQ.
— Sabrina Fernandes (@safbf) July 27, 2021
A plataforma segue indisponível até a publicação desta matéria.