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Será que o MEC soltou pistas sobre o tema da redação do Enem 2023?

Em outros anos, postagens do MEC já serviram de dica para o tema da dissertação. Será que o mesmo pode acontecer no Enem 2023?

Por Taís Ilhéu
Atualizado em 18 out 2023, 15h35 - Publicado em 18 out 2023, 15h27

O Enem 2023 está se aproximando e, com ele, as expectativas dos estudantes sobre qual será o tema da redação deste ano. Para aplacar a ansiedade, o GUIA DO ESTUDANTE escutou professores que opinaram sobre o assunto. Eles sugeriram, entre outras possibilidades, que o Enem pode abordar os impactos da inteligência artificial e até o aumento da mortalidade materna no Brasil. São apostas sólidas e que condizem com o perfil da prova, mas quem melhor do que o próprio MEC (Ministério da Educação) e o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira) para opinar sobre possíveis temas? A gente explica melhor essa história!

Alerta de spoiler?

É claro que o Inep, responsável pela elaboração do Enem, não pode contar qual é o tema da redação antes do dia da prova. A informação é ultra-confidencial e, se for vazada, pode resultar no cancelamento da prova, como já aconteceu no passado. Mas isso não significa que o instituto não possa dar alguns spoilers sobre o assunto. É isso que o GUIA notou em algumas edições passadas do Enem!

Nos meses que antecederam a prova, o Inep e o MEC fizeram publicações nas redes sociais que, mais tarde, mostraram-se relacionadas aos temas de redação. Em 2017, por exemplo, o Ministério da Educação deu muita ênfase ao fato de que seria o primeiro ano do exame com atendimento especializado para participantes com surdez e deficiência auditiva. O tema da redação naquele ano foram os “desafios para a formação educacional de surdos no Brasil“. Já em 2020, o Inep encampou uma forte campanha de combate ao suicídio em suas redes sociais, e o tema da dissertação foi “o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira“.

Pode até ser que as postagens não sejam dicas em si, mas a professora Gabrielle Cavalin, coordenadora de redação do Poliedro, afirmou ao GUIA DO ESTUDANTE em 2021 que, de qualquer forma, vale os estudantes ficarem alertas às postagens destes órgãos. Isso porque elas repercutem discussões em voga na sociedade e de grande impacto na população – e que por isso são a cara do Enem.

Dito isto, vamos às possíveis dicas de redação do MEC e do Inep para o Enem 2023.

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Aumento da violência nas escolas

A Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP) é um periódico publicado pelo próprio Inep a cada quatro meses e trata de temas relacionados à educação brasileira. Em outubro deste ano, o Instituto republicou em suas redes sociais um post da revista sobre estratégias para combater a violência escolar.

A postagem aborda um tema atual e que ficou em evidência na mídia ao longo deste ano – e, por isso, torna-se uma forte aposta para a redação do Enem. De acordo com Cora Conte, coordenadora de redação do Poliedro em Campinas, a proposta poderia dar ênfase ao aumento da violência escolar e também à importância da prevenção. Caso os candidatos de fato se deparem com esse tema, ela sugere alguns caminhos de argumentação. Seria possível associar o aumento da violência escolar ao ambiente digital, explorando como a falta de regulamentação das redes sociais permite a proliferação de discursos de ódio e o cyberbullying. Além disso, o estudante poderia refletir se a violência nas escolas reflete a própria violência da sociedade, colocando em risco o direito à educação assegurado pela Constituição Brasileira.

Neste texto, falamos de caminhos para evitar mais ataques às escolas.

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Os desafios para alfabetização no país

A pandemia impactou profundamente a educação e todas as etapas de ensino, mas os danos foram ainda mais graves para alunos em fase de alfabetização. Segundo o Ministério da Educação, 56,4% das 2,8 milhões de crianças que concluíram o 2º ano do ensino fundamental foram consideradas não-alfabetizadas. Diante do cenário, o governo federal lançou em julho uma nova política, o “Compromisso Nacional Criança Alfabetizada”. No Dia Mundial da Alfabetização, o Inep fez a seguinte postagem em suas redes sociais em referência ao programa:

De acordo com a professora do Poliedro, “o analfabetismo deixa as pessoas à margem da sociedade, o que evidencia como esse tema é de relevância social”. Além disso, pontua que ele também se relaciona com a questão da equidade na educação, outra possível aposta de tema. Por essas razões, o Enem poderia solicitar que os candidatos discutissem os desafios para a alfabetização no país e como superá-los. Um outro possível recorte, afirma Cora Conte, é a alfabetização de pessoas adultas, que também sofreu impacto nos últimos anos.

Endividamento e educação financeira

Não é novidade para ninguém que os brasileiros têm muitas dívidas. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, de julho deste ano, 78,1% das famílias do país estavam endividadas. Para mitigar o problema, o governo federal lançou, em outubro, o Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas. O MEC divulgou a iniciativa dando ênfase à educação financeira:

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A frequência com que o tema da educação financeira aparece na mídia também é, segundo a professora de redação, um indicativo de sua relevância para o Enem. “Nesse sentido, abordar a relevância da democratização desse conhecimento para diminuir as desigualdades sociais pode ajudar aprofundar a discussão”, aconselha.

Leia aqui sobre o ensino da educação financeira e o impacto na vida das pessoas.

Lei de Cotas

Criada em 2012, a Lei de Cotas estabeleceu que 50% das vagas em universidades federais deveriam ser reservadas a estudantes vindos de escolas públicas. Esse percentual é ainda subdividido por critérios de renda e raça. Uma década depois de sua implementação, os efeitos da lei são inegáveis: desde 2019, a maioria dos estudantes das universidades federais são negros e oriundos do ensino público.

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Quando implementada, o texto da Lei de Cotas previa uma revisão depois de dez anos, em 2022. Ela acabou não acontecendo no ano passado em função da polarização política e de disputas ideológicas envolvendo o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Este ano, parlamentares decidiram ampliar a reserva de vagas para a pós-graduação e incluíram os quilombolas entre os grupos que têm direito às cotas. Todas estas atualizações colocam o tema em evidência para o Enem, embora o exame não tenha o hábito de cobrar leis específicas, pontua a professora do Poliedro. Ela sugere que mesmo que a Lei de Cotas não apareça na frase temática, ela pode ser abordada pelos candidatos na argumentação.

Veja quatro filmes, séries e outras produções que discutem as cotas nas universidades

Equidade na educação

Outros temas sugeridos antes, como educação financeira, alfabetização e lei de cotas se relacionam, de certa forma, ao assunto “equidade na educação”. Ainda assim, vale mencioná-lo separadamente já que ele foi tema de mais de uma postagem do Ministério da Educação. Confira:

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Uma destas postagens, inclusive, foi justamente explicando o que significa o termo “equidade”, o que poderia ser uma dificuldade para os estudantes caso aparecesse na frase-tema da redação do Enem. “No ano de 2020 em que o tema cobrado foi “o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”, o desconhecimento do significado a palavra “estigma” desestabilizou alguns candidatos. Situação semelhante pode ocorrer com o conceito de equidade”, alerta a professora Cora.

Além disso, também é importante estar ciente dos diferentes meios de se obter essa equidade no meio educacional – sendo que um deles seria a própria formação dos docentes para lidar com diferentes perfis de alunos, como proposto pelo Parfor Equidade (Programa Nacional de Fomento à Equidade na Formação de Professores da Educação Básica). A ideia é especializar professores para que eles sejam inclusivos com alunos indígenas, negros, com deficiência, entre outros. Outro argumento possível seria, justamente, lembrar da Lei de Cotas e sua ampliação.

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Redação
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Em outros anos, postagens do MEC já serviram de dica para o tema da dissertação. Será que o mesmo pode acontecer no Enem 2023?

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