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Unicamp 2023: segunda fase tem provas atuais e de leitura exigente

Interdisciplinaridade marcou presença nos dois dias de aplicação, como tradicionalmente ocorre em outras edições

Por Karolina Monte
Atualizado em 20 dez 2022, 11h44 - Publicado em 14 dez 2022, 17h43
Faixa indica com uma seta vermelha caminho para as salas de aplicação do vestibular da Unicamp. Um grupo de estudantes, de costas para a câmera, anda em direção a um prédio.
 (Antonio Scarpinetti/SEC Unicamp/Divulgação)
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As provas de segunda fase da Unicamp 2023 foram aplicadas neste domingo (11) e segunda-feira (12), batendo o recorde de menor abstenção (7,6%) dos últimos 15 anos. Ao todo, 12.708 candidatos foram convocados para esta etapa.

No primeiro dia, os estudantes responderam a questões discursivas de Língua Portuguesa e Inglês, com o acréscimo, nesta edição, de questões interdisciplinares de Ciências da Natureza. Além disso, a redação foi realizada no mesmo dia, com duas propostas de temas para que o candidato escolhesse apenas uma para desenvolver. Os temas este ano envolviam educação antirracista e armamento. 

Já no segundo dia, foram respondidas as questões de Física, Química, Matemática, Biologia e História (com interdisciplinaridade de Filosofia e Sociologia), a depender da área do conhecimento escolhida pelo candidato.

Para Sérgio Paganim, diretor do curso Anglo, a segunda fase da Unicamp ressaltou a importância da leitura para a produção do conhecimento. “A maioria das questões, seja do primeiro ou do segundo dia, têm textos de apoio muito bem escolhidos que não só contextualizam, mas também oferecem pistas importantes para a elaboração da resposta pretendida”.

Outro grande aspecto da segunda fase foram os gêneros textuais muito diversificados: charges, gráficos, mapas, textos poéticos, letras e música, textos filosóficos – todos evidenciado a prioridade da Comvest, banca que elabora o vestibular, em ressaltar a importância desta leitura.

A interdisciplinaridade nas questões dos dois dias de prova também marcaram a segunda fase, trazendo um diálogo entre as diferentes disciplinas. “Dá uma mostra do que significa uma prova de segunda fase da Unicamp: mais do que o conhecimento estático, é o conhecimento circulando entre as diferentes áreas do aprendizado”, acrescenta Sérgio.

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Além disso, as atualidades estiveram fortemente presentes e contextualizadas nesta etapa, com questões trazendo à tona discussões pertinentes para o momento. Varíola dos macacos, aumento da fome no mundo, estados totalitários e até mesmo aquecimento global apareceram como contexto ou tema das questões.

Confira abaixo as análises do Anglo e do Oficina do Estudante sobre cada um dos dias de prova da segunda fase da Unicamp 2023.

Primeiro dia

Considerada de nível médio a difícil e com temas bastante atuais, a prova de Português contou apenas com questões de interpretação de texto, sem cobrar a gramática tradicional. Os professores destacam a questão 5A da prova, sobre aporofobia, na qual era preciso ligar a linguagem arquitetônica com a exclusão por meio do discurso formal dos textos verbais. Ou seja, era necessário fazer a fusão de duas linguagens bastante diferentes para tratar de um tema importante da atualidade como o preconceito com os mais pobres.

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Já Literatura teve uma prova curta, cobrando apenas dois livros nesta segunda fase: “Tarde“, de Olavo Bilac, e “O Ateneu“, de Raul Pompeia. Foram poucas questões exigentes, que demandavam uma atenção e aplicação mais cuidadosa dos estudantes. Os professores de Português do curso Anglo destacam o alívio por serem apenas duas obras nesta fase, dada a complexidade das questões.

Em “O Ateneu” foi cobrada a leitura e o conhecimento do enredo da obra, e em “Tarde” foi cobrado o diálogo entre uma letra de música do artista Caetano Veloso, unindo tradição e modernidade. Por cobrar este diálogo intertextual, esta foi considerada a questão mais difícil.

A prova de Inglês manteve a característica da interdisciplinaridade com outras matérias cobradas no vestibular da Unicamp. Os textos davam a base para responder ao primeiro item, e os conteúdos específicos das matérias com as quais se estabelecia a interdisciplinaridade – nesse caso Química e Física – foram questionados no segundo item.

A prova de Biologia foi de dificuldade mediana, bem contextualizada e com conteúdos atuais conectados aos conceitos. Já a prova de Física foi considerada de nível médio para difícil, com uma questão interdisciplinar com inglês.

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Para saber quais foram as questões mais difíceis do primeiro dia, acesse esta matéria do GUIA DO ESTUDANTE.

Segundo dia

No geral, o segundo dia foi considerado de nível médio para difícil. História foi uma prova trabalhosa, assim como ocorreu em 2022. “A Unicamp consolida uma identidade de não colocar questões óbvias, ao explorar muitos textos, mapas, imagens e até mesmo questões interdisciplinares”, afirma Sérgio Paganim. Além da leitura, foi uma prova que exigia do candidato domínio dos conteúdos do Ensino Médio e correlações complexas entre eles.

A prova de Geografia foi bem equilibrada: questões de climatobotânica, equilibrando geografia humana e geografia física – sem deixar de lado as questões de atualidades, uma caraterística fundamental da Unicamp. Foram abordados temas atuais como China, paraíso fiscal e o desastre das chuvas em Petrópolis.

Em Sociologia houve uma questão comum para todas as provas e um item interdisciplinar com Filosofia, que tematizava a cultura latinoamericana.

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Em Biologia, a prova foi considerada de nível difícil, sobretudo porque neste ano contou com algumas questões conteudistas, diferentemente do que se espera da Unicamp. Exemplo dessas questões foram a 14A, que pedia para descrever o processo do teste PCR utilizado para multiplicação de DNA.

Química foi uma prova considerada difícil e complexa, com bastante conceitos. Exigiu mais interpretação de textos, imagens e leituras de gráficos. Muito rica em conteúdos e bem contextualizada, com temas contemporâneos como a covid-19 e questões ambientais.

Em Física, a Unicamp seguiu o mesmo padrão de cobrar um item mais fácil seguido de um mais complexo. Os professores classificam a prova como relativamente trabalhosa e com contextos científicos próprios do universo da Física, como exigência de leitura de gráficos pouco usuais.

Por último, Matemática foi uma prova tranquila, adequada para a seleção de candidatos de todas as áreas – exatas, biológicas e humanas. Houve muita interpretação de tabela de sistemas lineares.

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Para saber as questões mais difíceis do segundo dia prova, acesse esta matéria do GUIA DO ESTUDANTE.

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