4 evidências de que a Índia pode se tornar a próxima potência mundial
Entenda como o país está atraindo os holofotes do mundo – e os grandes problemas que ainda precisa resolver
Existem alguns fatores em comum entre países que entram no holofote geopolítico e se tornam alvo de cortejo – ou desafeto – de outras grandes potências. A Índia já conseguiu pousar uma sonda na Lua, possui um pequeno arsenal de armas nucleares, tem o segundo maior exército do mundo e tornou-se a nação mais populosa de todas. São por essas e outras razões que muitos analistas acreditam que o país tem potencial de se tornar a próxima superpotência mundial.
Compreenda em detalhes 4 indícios que apontam para esse crescimento vertiginoso da Índia e quais são os desafios que ela precisa enfrentar antes de ser chamado de potência econômica ao lado dos gigantes do mundo.
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1. Armamento nuclear
Possuir armamento nuclear, mesmo que não utilizado em batalha, faz com que um país ganhe a atenção do restante do mundo. Isso acontece porque a nação tem poder para destruição em massa, podendo se defender de maneira agressiva em caso de ataque ou atacar em grandes proporções de uma única vez, como fez o próprio Estados Unidos contra o Japão na Segunda Guerra Mundial.
De acordo com a NTI, fundação sem fins lucrativos responsável por fazer pesquisas sobre armas nucleares e biológicas, a Índia fez seu primeiro teste atômico em 1974 no deserto de Rajasthan. O teste alarmou o Paquistão e outros países que possuíam armamento nuclear, inclusive os Estados Unidos, que suspenderam a ajuda financeira ao país na época.
Além de realizar testes atômicos ao longo dos anos, com a justificativa de que eram estudos pacíficos sobre energia nuclear, a Índia não faz parte do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), em vigor desde 1970. O objetivo do tratado era chegar ao desarmamento nuclear completo no mundo todo.
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2. Exploração espacial
Em 2018, a Índia bateu o recorde mundial ao lançar 104 satélites de uma única vez e colocá-los em órbita ao mesmo tempo, juntos. Já em agosto de 2023, o país pousou no polo sul da Lua com a sonda Chandrayaan-3, gerenciada pela ISRO (Organização de Pesquisa Espacial Indiana).
O pouso no polo sul da Lua é considerado ousado e ambicioso porque essa é uma face do satélite com temperaturas que chegam a -203°C, já que não recebe luz solar há bilhões de anos. Além disso, é um lado da Lua traiçoeiro, cheio de crateras inexploradas. Adicionalmente, no mês seguinte, a Índia enviou um foguete espacial com o objetivo de estudar a coroa solar, parte mais quente da atmosfera do Sol.
A ISRO é uma agência governamental do país que recebe dinheiro das iniciativas privadas para realizar as missões espaciais e chamou a atenção do mundo por conseguir reduzir os custos das explorações. A única missão a Marte da Índia custou 75 milhões de dólares no total, enquanto uma das missões para o mesmo planeta realizada pela NASA, agência espacial do governo dos Estados Unidos, custou aproximadamente 672 milhões de dólares.
Isso se dá pela reutilização e o fornecimento local de componentes, além do uso de foguetes menos potentes. A Índia utilizou a atração gravitacional da Lua para levar a nave à órbita lunar, como explicou K. Sivan, ex-presidente da ISRO, em entrevista para a BBC. A viajem ao satélite dura mais tempo, porém, é mais barata.
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3. Crescimento populacional
O país já ultrapassou a China em população – os indianos somavam 1,417 bilhão em 2022. Embora os chineses cheguem bem perto, com 1,412 bilhão de habitantes, a China tem uma grande população de idosos. A Índia, por outro lado, tem uma população jovem (com média de 28,7 anos) e que pode estar inserida no mercado de trabalho. Em conceitos demográficos, isso é chamado de População Economicamente Ativa.
Ter uma grande população jovem, em condições de trabalhar e consumir, é um fator importante para o sucesso econômico de um país, o que nos leva ao próximo item.
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4. PIB em disparada
De acordo com o Fundo Monetário Internacional, em 2022 a Índia se tornou a quinta maior economia mundial, ultrapassando o Reino Unido. Essa lista é orientada pelo PIB, o Produto Interno Bruto, de cada nação – que, vale lembrar, nada mais é do que a soma de todos os bens e serviços produzidos pelo país no período de um ano.
Se o número já surpreende hoje, as estimativas para o futuro são ainda mais assombrosas: estima-se que até 2027 ela salte para a terceira posição, atrás apenas de Estados Unidos e China. Embora os indianos sejam relevantes exportadores de óleo refinado e diamantes, por exemplo, a principal atividade ligada a esse crescimento econômico foi o setor de telecomunicações e softwares.
O impressionante PIB de 3,7 trilhões gerado em 2023, no entanto, se contrapõe a outros números pouco animadores: os da renda per capita e taxa de desemprego.
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Vilões do desenvolvimento
A polarização política e principalmente a desigualdade social são algumas pedras que a Índia encontrará no caminho antes de se tornar uma superpotência.
A polarização política é coisa antiga no país e vem se intensificando nos últimos anos, principalmente após a vitória do partido nacionalista hindu, de Narendra Modi, em 2014. Modi é primeiro-ministro desde então. Após a vitória, casos de ataques contra muçulmanos cresceram no país.
A desigualdade social também está longe de ser um problema novo, mas pouco parece ser feito para mitigá-la. Em entrevista à BBC, Ashoka Mody, professor de política econômica internacional na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, classificou a desigualdade como a maior vilã contra a ascensão da Índia.
Enquanto 162 indianos figuram na lista de bilionários do mundo, quase metade da população vive abaixo da linha da pobreza determinada pelo Banco Mundial, que é de aproximadamente 3 dólares por dia (R$ 15,46).
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