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O aumento da obesidade e seus impactos sobre a saúde pública

O tema, que está em alta por causa do remédio para emagrecer Ozempic, é uma das apostas de especialistas para a redação de vestibulares

Por Julia Di Spagna
16 out 2023, 09h55

Em 2035, 4 bilhões de pessoas – o equivalente a 51% da população mundial – serão obesas ou vão estar acima do peso, se não forem tomadas medidas significativas para conter o problema, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Além de a condição estar associada a uma série de doenças, o impacto econômico global da obesidade e do sobrepeso deve chegar a 4,32 trilhões de dólares anualmente dentro desse mesmo período. Isso significa cerca de 3% do PIB global, um impacto que pode ser comparado ao da covid-19 em 2020. O levantamento foi feito pelo World Obesity Atlas 2023

No Brasil, o problema já atinge mais de 6 milhões de pessoas, e o país apresenta uma das maiores taxas de obesidade do mundo.

O tema, além de estar na mira de especialistas por conta seus riscos à saúde, está em alta devido à utilização de um novo medicamento usado para o emagrecimento: o Ozempic. Originalmente, a droga foi desenvolvida para o tratamento de diabetes, mas ela se mostrou eficaz para a perda de peso também. Seu uso, porém, traz efeitos colaterais e pode desencadear diversos danos ao organismo, se consumido sem orientação médica.

Por ser uma questão de saúde pública e atingir em grande escala a população do Brasil, a obesidade tem potencial para ser explorada em redação de vestibulares e do Enem. Uma das apostas de professores para o Enem desse ano, inclusive, é o tema “desafios para a saúde pública frente o aumento de infarto entre jovens” – algo que foi, comprovadamente, associado ao aumento de peso da população já que o excesso de gordura corporal aumenta a probabilidade de alguém desenvolver problemas cardiovasculares. 

Assim, para que você possa se aprofundar no tema, o GUIA DO ESTUDANTE reuniu as principais causas da obesidade, as doenças que estão associadas a essa condição, qual é o cenário brasileiro e como é possível combater seus efeitos na população. Confira abaixo: 

O que é obesidade?

A OMS define obesidade como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura que pode prejudicar a saúde. 

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Para classificar se a pessoa está ou não acima do peso, ela usa como critério o Índice de Massa Corpórea (IMC), que é calculado quando se divide o peso (em kg) pela altura (em m) ao quadrado. Por exemplo: uma pessoa que pesa 60 kg e mede 1,65m deve fazer o seguinte cálculo: 

60 ÷ 1,65² = 22,03

Confira a tabela de classificação:

Abaixo de 18,5 baixo peso
Entre 18,5 e 24,9 peso normal
Entre 25 e 29,9 sobrepeso
Entre 30 e 34,9 obesidade grau 1
Entre 35 e 39,9 obesidade grau 2
Acima de 40 obesidade grau 3

A OMS considera a obesidade como uma doença crônica. Porém, esse tema gera polêmicas, afinal, esse é realmente um problema de saúde ou apenas uma questão estética? 

Lee Kaplan, professor de medicina da Universidade Harvard e diretor do The Obesity and Metabolism Institute em Boston (EUA), disse, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que é preciso separar a obesidade do “desejo cultural da magreza”. Isso, porque, embora magreza não seja sinônimo de saúde – é possível ser magro(a) e ter um organismo desregulado, assim como é possível estar acima do peso e não apresentar problemas de saúde – é preciso cuidado para não relativizar a doença, que está cientificamente associada a outras enfermidades.

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Principais causas

A obesidade é uma doença multifatorial. Ou seja, para além das opções alimentares da pessoa ou da quantidade de exercícios que ela pratica, existe uma série de fatores que podem interferir no peso, como questões sociais, psicológicas, genéticas, culturais e econômicas. Mas vale ressaltar que algumas causas se destacam atualmente. 

Hoje, boa parte do problema se dá por conta do estilo de vida ditado por uma vida urbana em ritmo acelerado. O padrão alimentar atual se baseia em um alto consumo de alimentos ultraprocessados e um baixo consumo de alimentos in natura ou minimamente processados. 

Além disso, a manutenção de hábitos não saudáveis agrava a situação. O uso excessivo de telas e pouca atividade física, exemplos de comportamentos que impulsionam o sedentarismo, são cada vez mais frequentes principalmente entre jovens. 

Obesidade e a relação com outras doenças 

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a obesidade é um dos principais fatores de risco para várias doenças não transmissíveis (DCNT), como diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular cerebral e vários tipos de câncer. Para se ter uma ideia, em 2021, a obesidade foi responsável por 2,8 milhões de mortes por DCNTs nas Américas.

Além disso, por conta dos estereótipos criados ao redor obesidade e da discriminação que pessoas obesas sofrem, a doença pode ultrapassar questões físicas e causar danos psicológicos, como a depressão. A pressão pela magreza costuma afetar de forma muito violenta quem não se encaixa dentro do dito “padrão”. 

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Para entender melhor a dimensão do problema, confira algumas pesquisas que relacionam a obesidade com outras doenças: 

  • pessoas com obesidade ou com aumento do Índice de Massa Corporal (IMC) ao longo da vida têm risco maior de desenvolver tumores, principalmente os gastrointestinais, segundo um ensaio clínico, publicado no periódico Jama Network.
  • o mesmo estudo conseguiu estimar o impacto dos quilos a mais com o passar dos anos no risco para câncer: para cada ganho de unidade no IMC ao longo da vida, ocorre um acréscimo de 2% a 4% no risco de câncer colorretal e gastrointestinal
  • dados da Pesquisa Nacional em Saúde (PNS) apontam que a obesidade aumenta a possibilidade de desenvolvimento de hipertensão, diabetes e colesterol alto em, respectivamente, 41,5%, 13,4% e 21,7%.
  • um estilo de vida pouco saudável, que inclua a obesidade, tem uma relação significativa com o declínio cognitivo, de acordo com um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Pequim (China) e publicado no The Journals of Gerontology: Series A.

Outro problema, que já mencionamos, é a febre do Ozempic no Brasil. O medicamento, que reduz o apetite e acaba gerando perda de peso, teve uma alta tão grande de consumo que fez com a farmacêutica Novo Nordisk, responsável por sua produção, se tornasse a empresa mais valiosa da Europa, sendo avaliada em US$ 425 bilhões. O uso se tornou tão massivo que companhias aéreas já estão comemorando a perda de peso que essa droga está causando na população em geral, pensando na economia de carga que vão fazer ao transportar seus passageiros.

Porém, o remédio ainda não foi aprovado especificamente para a perda de peso e seus efeitos a longo prazo ainda são incertos. O órgão regulador de medicamentos da Europa investiga, por exemplo, a relação de seu consumo com pensamentos suicidas e de automutilação entre os usuários. Também foram relatados casos de distúrbios estomacais, náuseas e vômitos contínuos – mesmo após o fim da utilização do Ozempic – e inflamação do pâncreas. A ligação com o surgimento de certos tipos de câncer também ainda não foi descartada.

Obesidade no Brasil

Nos últimos 13 anos, houve um aumento de mais de 72% nos casos de obesidade diagnosticados no país. Hoje, mais da metade da população brasileira (56,8%) se encaixa nesse quadro, de acordo com uma pesquisa feita pela Vital Strategies, uma organização global de saúde pública, e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Mas, além da questão da saúde da população em si, outros fatores precisam ser considerados quando falamos de saúde pública, como investimentos e impactos financeiros da doença no país.

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Nesse contexto, em 2019, a pesquisa “A Epidemia de Obesidade e as DCNT – Causas, custos e sobrecarga no SUS” apontou que o gasto anual direto com Doenças Crônicas Não Transmissíveis foi de R$6,8 bilhões – e 22% deste valor, ou seja, R$1,5 bilhão podem ser atribuídos ao excesso de peso e obesidade. 

Mas de onde vêm esses gastos de fato? Cada vez que uma pessoa é internada ou precisa de serviços de saúde de emergência, isso gera gastos hospitalares e ambulatoriais. Ou seja, são necessários investimentos na área. E, de acordo com a mesma pesquisa, durante esse período, foram realizados 31,72 milhões procedimentos ambulatoriais e 495,99 mil hospitalizações pelo SUS por causa desses problemas relacionados ao peso.

A questão é que esse gasto tem crescido de forma expressiva nos últimos anos e o país tem recursos limitados e finitos disponíveis. Por isso, uma sugestão do próprio estudo é que ocorra um redirecionamento de investimentos, focando no custeio de programas de promoção de saúde, prevenção e controle das doenças.

Medidas para conter o problema

A Federação Mundial de Obesidade pede que países do mundo inteiro apresentem políticas de prevenção e controle da obesidade. 

Porém, o fato de as causas da obesidade serem multifatoriais é justamente o que torna seu tratamento um desafio. É preciso ter um olhar a longo prazo e incluir ações em diferentes esferas, como o lado social, o comportamental, o econômico, o educacional, entre outros. Ou seja, tanto a questão biológica quanto a contextual. 

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Veja abaixo algumas medidas que poderiam contribuir para conter e combater a obesidade na sociedade – e que podem ser usados em argumentos para redação, por exemplo.

  • aumento dos impostos para alimentos ultraprocessados e diminuição da tributação dos itens in natura;
  • restrições à comercialização de produtos ​​com alto teor de gordura, açúcar e sal;
  • etiquetas de advertência na frente das embalagens em relação à composição dos alimentos;
  • criação de políticas públicas que envolvam esporte e forneçam infraestrutura para um aumento de atividades físicas;
  • melhorar a nutrição e promover a atividades físicas em pré-escolas e escolas;
  • diagnóstico precoce da obesidade;
  • apoio, promoção e incentivo ao aleitamento materno, que reduz o risco de sobrepeso e obesidade em crianças;
  • combate à gordofobia;
  • capacitação dos profissionais de saúde para que possam disponibilizar o tratamento adequado para as pessoas com obesidade.

    Confira também três guias do Ministério da Saúde para auxiliar a prevenção da obesidade e a promoção da saúde

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