Novas datas: Enem acontecerá em janeiro e fevereiro de 2021
Relembre todas as polêmicas e discussões que rolaram até agora sobre o adiamento do exame

O Ministério da Educação divulgou, em entrevista coletiva desta quarta-feira (8), as novas datas do Enem. O exame tradicional acontecerá nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021. Já o Enem Digital será no dia 31 de janeiro e 7 de fevereiro. O anúncio foi feito uma semana depois de o órgão divulgar o resultado da enquete, na qual a maioria votou para a prova ser feita em maio de 2021. Apesar da votação, foi necessário articular o cronograma com estados e universidades, que usam o Enem como vestibular.
De acordo com o calendário inicial, o Enem Impresso seria nos dias 1º e 8 de novembro e o Digital, 11 e 18 de outubro. Mas, por conta da pandemia, depois de muita discussão, o MEC anunciou o adiamento do exame. Confira tudo que rolou até a nova data ser divulgada.
Negação
Já em março, começaram as especulações se o Enem poderia ser adiado por causa da paralisação das aulas em consequência da pandemia. Mas o então ministro da Educação Abraham Weitraub desmentiu os boatos e disse firmemente que a questão ainda estava em aberto. Usou, inclusive, o Twitter para criticar a família Marinho, dona do jornal O Globo, que publicou uma reportagem que dizia que o governo avaliava adiar o Enem por causa da pandemia.
https://twitter.com/AbrahamWeint/status/1242852737315999745
Dias depois, o Inep publicou os editais do Enem Digital e do impresso, e, mais uma vez, Weintraub usou sua conta do Twitter para anunciar que “ia ter Enem”, na versão impressa e digital, e afirmar que o novo coronavírus “atrapalha um pouco, mas a todos” e que “como é uma competição, é justo”.
Vai ter Enem!!! Hoje, o @inep_oficial publicou os editais do Enem Digital e do Enem tradicional. Você que quer uma vaga em uma instituição pública, continue estudando, ainda que em casa. Seu esforço valerá a recompensa. pic.twitter.com/DnwpzpYqp0
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) March 31, 2020
Decisão da Justiça
Em abril, a juíza Marisa Claudia Gonçalves Cucio, da 12ª Vara Cível Federal de São Paulo, aceitou o pedido da Defensoria Pública da União (DPU) do adiamento do exame. Segundo ela, a suspensão de aulas por conta da covid-19 prejudica os alunos, já que muitos deles não têm acesso à internet e não estão recebendo o conteúdo programático necessário para a realização da prova.
Em resposta, Abraham Weintraub, anunciou o recurso contra a decisão, que está sob a responsabilidade da Advocacia-Geral da União. Ele criticou governadores pela suspensão das aulas, acusando-os de “parar o Brasil”. Além disso, contrariando as recomendações médicas e científicas, Weintraub voltou a defender o retorno das atividades escolares.
#VaiTerEnem Governadores fizeram uma quarentena generalizada e precipitada. A população está no limite. Alunos sem aula ficam preocupados com o Enem. O ANO NÃO ESTÁ PERDIDO! Governadores devem planejar o retorno das aulas, tirar as nádegas da cadeira e REBOLAR atrás do prejuízo! pic.twitter.com/qqPZsI89VS
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) April 19, 2020
Pressão
Diante do cenário caótico de pandemia, movimentos estudantis, universidades e educadores se posicionaram contra a manutenção do calendário, debatendo sobre os prejuízos aos estudantes que não estão conseguindo estudar em casa, por falta de internet, celulares e computadores. Em maio, as universidades federais de São Paulo e o Instituto Federal de São Paulo lançaram um manifesto pelo adiamento do Enem 2020 devido à pandemia da covid-19. No texto, as entidades pediam a realização de provas apenas no início de 2021.
Após uma propaganda do MEC, na qual adolescentes tentavam justificar a importância da prova este ano, mais críticas surgiram. Gravando a mensagem com os próprios celulares, os alunos que estavam atuando incentivam o estudo a distância e pela internet. Influenciadores digitais que falam sobre educação também se posicionaram e criaram fortes discussões sobre o tema, viralizando nas redes.
https://twitter.com/vicpannunzio/status/1257797384031162368
Projeto de lei
No dia 19 de maio, foi aprovado no Senado o projeto de lei n° 1.277, da senadora Daniela Ribeiro (PP-PB), que prevê a prorrogação de “provas, exames e demais atividades para o acesso ao ensino superior“, por causa da pandemia do novo coronavírus. O texto-base foi aprovado por 75 votos a 1. O único senador que votou contra foi Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Assim, ela ainda precisaria ser analisada pela Câmara dos Deputados para, então, ser enviada para a sanção do presidente Jair Bolsonaro.
Adiamento
Após a votação no Senado, o MEC, mesmo sem ter anunciado o adiamento, decretou que abriria uma consulta aos estudantes que se inscreveram no Exame sobre a data do exame, no site, sobre as datas da prova. Sem mais detalhes, Weintraub disse que a medida era uma resposta a quem critica a manutenção do cronograma em meio à pandemia.
O MEC fará uma consulta, na última semana de junho, a todos os inscritos, através da “Página do Participante”, do @inep_oficial.
Vamos manter a data? Adiar por 30 dias? Suspender até o fim da pandemia?
O Gov @jairbolsonaro quer saber a opinião dos brasileiros!
Democracia é isso!— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) May 19, 2020
Depois de um dia, finalmente, o Inep, responsável pelo exame, anunciou que o Enem seria adiado “de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais”.
Resultado da enquete
Após 10 dias de votação, saiu o resultado da enquete sobre as datas do Enem 2020, uma semana atrás. Maio de 2021 foi o período escolhido pela maioria dos estudantes. Mas, em pouco tempo, o anúncio já começou a gerar discussão nas redes sociais. Jovens apontaram descontentamentos, incoerências e dúvidas em relação ao resultado da enquete e ao posicionamento dos órgãos diante da escolha dos estudantes.
GENTE COMO QUE ELES BOTAM MAIO COMO OPÇÃO DE ESCOLHA NA ENQUETE DA ENEM E NAO PODE SER EM MAIO?????????????????? MAIO GANHOU VEI pic.twitter.com/y2lZU4KzmY
— mimia (@jeoncsr) July 1, 2020
Em meio ao adiamento do Enem e outros assuntos importantes, o MEC continua sem ministro. Desde a saída de Abraham Weintraub, no dia 18 de junho, e a queda rápida de Carlos Alberto Decotelli, em 30 de junho, nenhum outro nome foi anunciado para comandar a pasta.