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“Água Funda”: resumo e análise da obra de Ruth Guimarães

Professores explicam o livro que está na lista da Fuvest 2025 e dão dicas de como o vestibular pode explorá-lo

Por Julia Di Spagna
14 abr 2024, 19h00

Vai prestar Fuvest esse ano? Se sim, é importante estudar as obras presentes na lista de leituras obrigatórias – entre elas Água Funda, de Ruth Guimarães, uma estreante nesta edição. Mas só ler os livros não é o suficiente para garantir um bom desempenho. O vestibular costuma aprofundar algumas questões e, por isso, é importante ir além do enredo e entender os principais temas abordados na obra ou mesmo como ela se relaciona com outros títulos da lista.

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Pensando nisso, o GUIA DO ESTUDANTE conversou com Maurício Soares, professor de literatura do Curso Anglo, e André Barbosa, professor de Literatura do Colégio Oficina do Estudante, e preparou um resumo sobre o que você precisa saber sobre o livro de Ruth Guimarães. Confira abaixo:

A história de “Água Funda”, de Ruth Guimarães

O livro é ambientado na zona rural entre os estados de São Paulo – o Vale do Paraíba – Rio de Janeiro e Minas Gerais, e faz um retrato da vida nesse universo, se infiltrando no cotidiano das fazendas por meio de duas histórias separadas 50 anos no tempo.  

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“A ideia central é mostrar o quanto a modernização, que chegou a esses lugares e substituiu, por exemplo, os engenhos de cana-de-açúcar por grandes usinas, interferiu na vida das pessoas. A intenção é, também, mostrar o quanto há alguns elementos que não mudam, mesmo com a modernização”, explica Maurício. 

Um aspecto permanente, segundo o professor, é a relação com o misticismo e a presença de elementos de religiosidade relacionada ao folclore e às tradições populares do Brasil. A Mãe de Ouro, por exemplo, é a entidade que perpassa o enredo das duas histórias e é responsável pela transformação de vários aspectos no local e, claro, na vida de muitos dos personagens. 

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Há também uma evidente preocupação da autora com os falares próprios da região e com a reconstituição etnográfica do meio. É como se Ruth Guimarães estivesse fazendo um registro da forma de falar e das expressões utilizadas por aqueles personagens, criando uma forma muito peculiar de comunicação.

Em linguagem ao mesmo tempo dinâmica e exuberante – própria da literatura modernista –, ela apresenta um eixo temático comum às personagens Sinhá Carolina (proprietária da fazenda Nossa Senhora dos Olhos d’Água) e os trabalhadores Joca e Curiango: apesar do hiato temporal, eles compartilham traços onipresentes entre os ditados populares e inúmeros acontecimentos circunstanciais da narrativa. 

Grandes temas da obra

  • a modernização do espaço rural, em função da chegada das usinas e de grandes companhias que passam a administrar fazendas;
  • as diferenças sociais: o narrador sugere ser um homem ex-escravizado, que observa a vida dos grandes proprietários e se refere a eles como senhor e sinhá, demonstrando, no pronome de tratamento, a diferença existente entre esses grupos populacionais;
  • as crendices populares;
  • o folclore brasileiro;
  • e como as questões sociais, religiosas e de transformação do espaço influenciam relações e costumes. 

Como o livro pode ser cobrado pela Fuvest? 

“Como de costume, a Fuvest deve colocar um trecho de ‘Água Funda’ e pedir que o candidato faça uma análise, observando o desenvolvimento da linguagem e a temática abordada”, diz Maurício. 

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O vestibular também deve abordar a questão da linguagem e talvez a estrutura da obra, uma vez que são duas histórias separadas por 50 anos, criando um arco temporal capaz de apresentar o desenho desse lugar e dessas pessoas. 

Além dos aspectos em relação à linguagem, em especial a valorização do coloquialismo e de uma variante que podemos identificar como regionalismo caipira, André ressalta circunstâncias externas à própria narrativa. 

“Ruth Guimarães, em plena década de 1940, foi uma intelectual negra de notável projeção, reconhecida como escritora e especialista em literatura oral (conhecimento que certamente lhe possibilitou o trabalho primoroso com a própria linguagem de sua obra). Vale a pena, portanto, aprofundar a pesquisa de sua biografia e conhecer a trajetória singular e extensa da autora”, diz o professor. 

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Entenda como a obra pode se relacionar a outros livros da Fuvest

Segundo os especialistas, o livro de Ruth Guimarães pode se relacionar com outras três obras da lista.

A ideia do provincianismo, do retrato de personagens que vivem no interior e têm, portanto, uma realidade muito particular, também é trabalhada no livro “Quincas Borba“, de Machado de Assis. Rubião, o protagonista, tenta a vida na cidade e isso, sem dúvida, transforma muito a relação dele com as pessoas que o cercam e a vida que leva. 

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Essa caracterização do provincianismo, também está presente no trabalho de Carlos Drummond de Andrade em “Alguma Poesia“. “O autor mineiro, embora de outra região, aborda as questões que envolvem o homem provinciano, como a atração pelo progresso e, ao mesmo tempo, o medo de grandes transformações no cotidiano. A ambiguidade em relação ao que é moderno e ao que é antigo é algo que Drummond também explora”, explica Maurício. Na mesma obra, André destaca a valorização dos falares populares em certos poemas como um ponto em comum com “Água Funda”. 

Por fim, dá para pensar na questão regional: “Dois Irmãos”, de Milton Hatoum, é um livro que se passa em Manaus e que tem um olhar também específico para identidades brasileiras. Vale se questionar sobre os desdobramentos do regionalismo nesses livros, o que seus personagens revelam sobre a identidade nacional e, acima de tudo, sobre a formação da nossa sociedade.

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