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‘O Dilema das Redes’: por que assistir o documentário da Netflix

Especialistas em tecnologia acreditam que as redes sociais estão colocando a humanidade em risco

Por Letícia Albuquerque
Atualizado em 24 nov 2021, 16h51 - Publicado em 23 set 2020, 16h25

Todo mundo já considerou estranha a “coincidência” de ver nas redes sociais exatamente o tema que estava conversando com os amigos. Tem até a situação mais bizarra ainda de quando elas praticamente “adivinham” o estamos cogitando comprar. Mas você já parou para pensar como esse conteúdo chega até você? O documentário da Netflix, O Dilema das Redes, mostra que o acaso não existe e as plataformas das Big Techs têm sido usadas para prever o comportamento humano e impulsionar mudanças – de preferência aquelas que dão mais lucro.

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O problema sem nome

Lançado este ano, o documentário (1h34m) reúne ex-funcionários e executivos de empresas como Google, Facebook e Twitter para falar sobre os perigos causados pelas redes sociais. A produção, dirigida por Jeff Orlowski, toca em temas sensíveis vividos atualmente, como a polarização política. E, ao mesmo tempo, joga um pouco de luz sobre os bastidores das grandes empresas de tecnologia.  

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Especialistas em tecnologia, como Tristan Harris, ex-designer do Google, e Tim Kendall, ex-diretor de monetização do Facebook, contam sobre sua participação nas plataformas e como se depararam com um “outro lado da moeda”. O modelo de negócios baseado em publicidade e lucros crescentes e a falta de regulamentação dessas mídias se contrapõem às incríveis possibilidades que surgiram das inovações tecnológicas.

Ao serem perguntados “qual é o problemas das redes sociais?”, os funcionários reagem entre silêncio e risos nervosos. É nesse momento que o documentário deixa claro que o dilema é muito mais complexo do que imaginamos. E envolve até riscos para a democracia.

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O vício nas redes sociais não é um assunto novo. Mas o documentário se propõe a explicar como cada característica das plataformas foi pensada para tornar o seu uso viciante. Desde a escolha das cores até a organização de informações, tudo contribui para um ambiente virtual que nos leva a passar cada vez mais horas olhando para a tela do celular. O motivo? As redes sociais precisam da nossa atenção. Quanto mais tempo um usuário passa dentro do Instagram, por exemplo, mais exposto a anúncios e produtos que podem ser consumidos.

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Os executivos afirmam que precisamos estar atentos à gratuidade dos aplicativos de redes sociais. Não há almoço grátis, já dizia o ditado. E, na verdade, os aplicativos são mantidos por anunciantes, cujo objetivo é alcançar pessoas dispostas a pagarem por suas mercadorias. Portanto, a nossa atenção é o verdadeiro produto da qual as big techs dispõem.

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“Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto”

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Tristan Harris, ex-designer do Google, citando uma máxima das empresas de internet

As redes sociais são o caminho mais fácil para atingir consumidores. E essas multinacionais de tecnologia vendem para os anunciantes a certeza de que sua publicidade terá sucesso, ou seja, que os ads irão sempre gerar lucro. Mas como controlar o resultado de um anúncio que será veiculado para milhões de pessoas?

Ao usarmos as redes sociais, estamos, o tempo todo, fornecendo dados sobre quem somos à plataforma. Isso significa que, além de entregarmos dados básicos como nosso nome, idade e e-mail, também criamos um histórico do nosso comportamento on e offline. Alguns aplicativos, por exemplo, têm acesso à nossa geolocalização. Dessa forma, o app consegue saber quais lugares frequentamos e quais pessoas estão ao nosso redor. 

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Além disso, de acordo com Jeff Seibert, que trabalhou no Twitter, “cada ação que você realiza é cuidadosamente monitorada e registrada”. Desde as imagens que curtimos até quanto tempo olhamos para elas. A partir dessas informações, desenvolve-se o capitalismo da vigilância”. Com os algoritmos e a inteligência artificial, as plataformas têm, hoje, mais informação sobre nós do que jamais se imaginou na história humana (às vezes até mais do que nós mesmos!).

Essa é uma técnica de design amplamente usada nas redes sociais, que baseia a tecnologia no conhecimento psicológico do comportamento humano. O objetivo é criar um hábito inconsciente que nos mantenha ansiosos para consumirmos, no caso das redes scoais, o conteúdo que parece infinito.

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De acordo com Tristan Harris, essa técnica é chamada de “reforço positivo intermitente”, em Psicologia. E, como consequência final, ele gera uma mudança gradativa de comportamento dos usuários, que se sentirão dependentes do uso das plataformas.

Para conseguir que passemos cada vez mais tempo nas redes, as plataformas digitais perceberam uma coisa: precisam nos convencer a continuar ali. Ao navegarmos digitalmente, percebemos que todo o conteúdo disponível é exatamente aquilo que procuramos. Ideias, opiniões e produtos que aparecem no nosso feed são pensados e recomendados especialmente para nós.

Apesar de nos sentirmos confortáveis nesse ambiente onde concordamos com tudo, ele gera a conhecida “bolha” de informação. Os usuário raramente têm acesso a uma opinião diferente da sua. E, ao final, entramos em um universo onde o que pensamos torna-se a única realidade possível, nos afastando uns dos outros. O documentário aponta a intolerância e a extrema polarização política como as consequências mais claras desse efeito. E, sem um consenso em torno do que é verdade, de uma base comum de informações, fica difícil manter o equilíbrio democrático. O documentário menciona a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, que teria sido influenciada pela Rússia, e fala rapidamente da ascensão de líderes populistas que dominaram as redes sociais, entre eles o brasileiro Jair Bolsonaro. 

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