O ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou nesta sexta (18) a liberação total da verba contingenciada das universidades federais em abril deste ano. Ao todo, R$ 2,4 bilhões tinham sido bloqueados, comprometendo 30% da verba discricionária de todas as universidades e institutos federais. A liberação desse dinheiro pelo MEC aconteceu em duas etapas, metade em setembro e o restante hoje.
A devolução da verba para as instituições só foi possível por conta de um remanejamento interno feito no Ministério da Educação. Ou seja, o governo federal não liberou mais dinheiro para a pasta, que já sofreu um corte de mais de R$ 6 bilhões este ano. Segundo o ministro da educação, o contingenciamento das universidades foi necessário em um momento de crise e o ano vai terminar com “tudo rodando bem”.
Em diversas ocasiões desde maio, Weintraub afirmou que as universidades não estavam sofrendo com o bloqueio, embora os relatos de reitores e as medidas anunciadas nestas instituições apontassem para uma situação de crise. Diversas federais diminuíram a frota de transporte, tiveram dificuldades para arcar com contas de energia, serviços de limpeza e até hospitais universitários. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) chegou a adiar as provas específicas do vestibular 2020, e a Federal do Paraná (UFPR) anunciou que as aulas seriam interrompidas caso o desbloqueio não fosse feito até o final do ano.
O contingenciamento da verba das universidades federais gerou a primeira grande manifestação contra o governo Bolsonaro, no dia 15 de maio, com a adesão de mais de 200 cidades em todo o país.
Balbúrdia
Antes de anunciar o bloqueio para todas as universidades federais, o ministro Abraham Weintraub chegou a dizer em uma entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo que apenas a A Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) sofreriam cortes, por promoverem “balbúrdia” e não apresentarem bons resultados acadêmicos.
Na coletiva em que anunciou o desbloqueio hoje, Weintraub afirmou que não se arrepende da declaração: “Pela primeira vez tem um governo que tem respeito pelo governo do pagador de imposto. As universidades são caríssimas. Tem universidade que custa quase 4 bilhões por ano para o pagador de imposto. Estou pedindo transparência e respeito com o dinheiro de quem paga imposto. Universidade não e lugar para fazer festa onde morre gente, não é pra produzir metanfetamina e nem plantar maconha. Universidade é lugar de pesquisa e ensino”.