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A suspensão da vacinação de jovens no Brasil e o perigo para a educação

O Ministério da Saúde liberou novamente a vacinação em adolescentes sem comorbidades. Entenda tudo que aconteceu e como isso impacta a educação

Por Juliana Morales
Atualizado em 23 set 2021, 13h17 - Publicado em 23 set 2021, 13h10

Nesta quarta-feira (22), o Ministério da Saúde voltou atrás em relação à suspensão da vacinação contra a covid-19 em adolescentes sem comorbidade, anunciada na semana passada. A pasta, que havia levantado dúvidas sobre a segurança do imunizante para a faixa etária de 12 a 17 anos, afirmou que a restrição foi imposta de “forma cautelar” e a decisão foi reavaliada após apuração de todos os riscos e benefícios. Sendo assim, é recomendado que os jovens sejam, sim, vacinados.

Na terça-feira (21), o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), já havia determinado que estados e municípios tivessem autonomia para decidir sobre a vacinação de adolescentes sem comorbidades. 

Em nota, o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) criticaram o Ministério da Saúde por “implementar unilateralmente decisões sem respaldo técnico e científico”. Segundo os órgãos, a recomendação para suspender a vacinação em adolescentes “coloca em risco a principal ação de controle da pandemia”.

O documento cobrava uma posição da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em relação ao uso do imunizante em jovens de 12 a 17 anos por conta da morte de uma adolescente causada por um possível efeito adverso com a vacina da Pfizer.

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Em resposta, a Anvisa informou que investigaria o caso, mas que naquele momento ainda não existiam evidências suficientes para paralisar a vacinação.

Estados e municípios ficaram divididos com a orientação do Ministério da Saúde. Capitais como São Paulo e Rio de Janeiro mantiveram a vacinação desta faixa etária. Enquanto outras, como Brasília, Natal e Salvador, acataram a decisão da pasta. 

Depois da investigação, a Anvisa confirmou, em nota divulgada na segunda-feira (20), que não existe relação causal entre a morte da adolescente de 16 anos de São Bernardo do Campo e a primeira dose do imunizante da Pfizer, aplicada oito dias antes. Segundo a análise, o óbito decorreu de uma doença autoimune rara e grave.

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Vacinação de jovens ao redor do mundo

Outra justificativa usada pelo Ministério da Saúde para suspender a vacinação de adolescentes foi a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entretanto, a OMS nunca foi contra a vacinação dos mais jovens. A organização defende que os países priorizem a vacinação de adultos, idosos e imunossuprimidos. Uma vez que os grupos prioritários estejam vacinados, e exista vacina disponível, todos devem se imunizar. 

Como mostra a reportagem da BBC, na Alemanha, a Comissão Permanente de Vacinação recomendou, inicialmente, que apenas os jovens entre 12 e 15 anos com doenças crônicas fossem vacinados. Em agosto, com a rápida expansão da variante Delta, o país ampliou a imunização para todos os jovens acima de 12 anos. A comissão afirmou que os benefícios da vacina superam os riscos. Já na Suécia, jovens de 12 a 15 anos só podem receber a vacina se tiverem doença pulmonar, asma grave ou outra condição médica de alto risco.

Vacinação e a segurança nas escolas

A UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), que representa os direitos dos estudantes do ensino médio, no qual fazem parte o grupo etário e também integra órgãos como o Conjuve (Conselho Nacional de Juventude) e o Conselho Nacional da Criança e Adolescente, ingressou uma ação no STF  para retomar a vacinação de adolescentes entre 12 e 17 anos.

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Segundo a entidade, a suspensão vai na contramão do direito à saúde e deixa grande parcela da população sem a devida proteção, expondo mais pessoas ao contágio do vírus que já dizimou mais de 590 mil vidas no país até o momento.

A UBES ressalta que a diminuição do número de mortes em decorrência da covid-19, consequência direta do número de pessoas já vacinadas, é o que tornou possível o retorno seguro às aulas presenciais.

Sendo assim, “a negativa de vacinação a esse grupo populacional afetará diretamente o ensino fundamental e médio no país, principalmente os que já retornaram às aulas presenciais e estão diariamente expostos ao contágio do vírus, aumentando a circulação de novas cepas que poderão, inclusive, comprometer a eficácia da vacina já aplicada em outros grupos populacionais”, documentou a UBES na ação ao STF.

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Colocar em risco as aulas presenciais é uma grande preocupação, após um período longo e demorado de retorno nas escolas. Em média, o Brasil teve 279 dias de suspensão de atividades presenciais durante o ano letivo de 2020, considerando escolas públicas e privadas. Comparando com o cenário de diferentes países, nota-se que é um período expressivo de suspensão das atividades presenciais.

O ensino remoto, que substituiu as aulas presenciais no período de isolamento social, não chegou de forma efetiva a todas as parcelas da sociedade. O estudo “Acesso Domiciliar à Internet e Ensino Remoto Durante a Pandemia”, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostrou que cerca de seis milhões de estudantes, da pré-escola a pós-graduação, não têm acesso à internet – 5,8 milhões são alunos de instituições públicas de ensino.

Vale lembrar que, além da vacinação, para conter a pandemia, todos, inclusive quem já tomou as duas doses, precisam continuar usando máscara, higienizando as mãos e mantendo o distanciamento sempre que possível. Restaurar a saúde é o primeiro passo para o enfrentamento da crise educacional, tão agravada pela pandemia.

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