Diferentemente de muitos vestibulares tradicionais, o Enem não cobra uma lista de obras literárias obrigatórias e, por isso, pode ficar um pouco mais difícil mapear os autores que serão cobrados. Mas existem alguns clássicos que marcam presença no exame e merecem a sua atenção.
Paulo Oliveira, professor de literatura do Curso Anglo, conversou com o GUIA e nos ajudou a escolher os cinco autores brasileiros que não podem ficar de fora dos seus estudos. “A prova do Enem explora textos literários em muitas questões, sempre priorizando a diversidade de estilos e de autores. Apesar disso, é possível apontar alguns clássicos que sempre trazem assuntos a serem explorados.”
Para te ajudar, também levantamos as principais características das obras de cada um. Confira abaixo:
Guimarães Rosa (1908-1967)
“O autor revolucionou a literatura brasileira ao transformar o sertão de Minas Gerais em uma espécie de espaço mágico em que as personagens vivem situações semelhantes às de fábulas, onde atuam forças relacionadas ao Bem, ao Mal, ao Amor… Tudo em uma linguagem poética, marcadamente modernista e orientada pela invenção lexical”, explica Oliveira.
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Graciliano Ramos (1892-1953)
O ficcionista alagoano apresentou a realidade nordestina destacando a tensão de seus personagens com o mundo. São seres que enfrentam desde a hostilidade da natureza árida, até as relações humanas pautadas pela opressão do dinheiro e da força das leis. Com um estilo seco, sem muitos adjetivos, Graciliano criou personagens densos psicologicamente e que vivenciam com profundidade a luta pela sobrevivência.
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Machado de Assis (1839-1908)
“O grande autor do Realismo soube mostrar com ironia uma sociedade que buscava sofisticar-se como as nações mais desenvolvidas, mas que ainda estava atrelada a seculares formas de opressão e desigualdade – notadamente a escravidão”, afirma Oliveira.
Ao criar personagens complexos, Machado expõe o abismo entre as intenções e aquilo que se mostra na interação social: a bondade e o altruísmo como disfarces do egoísmo e da indiferença em relação à dor do próximo.
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Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
A poesia do autor é marcadamente lírica: transforma a dimensão pessoal de sentimentos e memórias, como lembranças da família e da terra natal, em textos de interesse amplo.
“A experiência particular torna-se patrimônio de todos. Mas o rico mundo interior do poeta não se limita a uma introspecção que o separa do contexto social e histórico: Drummond abordou com sensibilidade questões importantes como a alienação social, as tensões com o mundo em guerra e as desigualdades sociais.”
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Mário de Andrade (1893-1945)
Paulo Oliveira explica que a obra de Mário de Andrade sintetiza vários aspectos relevantes do Modernismo, tais como o interesse nacionalista pela cultura popular, o ímpeto iconoclasta em renovar a linguagem da arte e a apresentação de um sujeito lírico marcado pela multiplicidade.
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