O vestibular da Fuvest cobra que o candidato estude, além das disciplinas tradicionais como Matemática, História e Física, uma lista de livros obrigatórios. É uma seleção de nove obras em língua portuguesa que serão abordadas nas questões de Português e Literatura da prova. Mas atenção: nem todas da lista aparecem na prova – dependendo do ano, alguns ficam de fora e outros são cobrados em mais de um exercício. A Fuvest nunca dirá qual é qual, mas isso não impede que os professores façam alguns palpites baseados no padrão de edições anteriores.
+ Fuvest: como as obras obrigatórias aparecem na primeira fase
Nos últimos anos, é possível notar que, em média, as obras são abordadas em nove questões da primeira fase e em quatro da segunda. Para Henrique Landim, professor de Literatura e autor de livros de análise literária, a Fuvest elege todo ano um ou dois livros da lista para serem a “bola da vez”.
“Se você pegar a prova da Fuvest 2020, por exemplo, ‘Angústia’, apareceu em três questões e ‘Quincas Borba’, em duas. Na Fuvest 2021, das nove questões, três eram sobre ‘O romanceiro da Inconfidência’ e outras três sobre o ‘Nove Noites’. E na Fuvest 2022, o queridinho da vez foi ‘Quincas Borba’, aparecendo em três questões: uma se relacionando com outras obras e outras duas só sobre ele”.
Cada obra costuma ficar alguns anos na lista – “Quincas Borbas”, por exemplo, é cobrado desde 2019. Geralmente, três obras são substituídas a cada nova seleção. Veja abaixo a lista que será cobrada no vestibular 2023, que é a mesma do vestibular 2022.
Quincas Borba – Machado de Assis
Para o professor Landim, as obras que mais têm chance de cair na prova este ano são justamente as que estão de saída da lista: “Poemas Escolhidos”, do Gregório de Matos (na lista desde 2019), “Nove Noites”, do Bernardo Carvalho (na lista desde 2020) e “Terra Sonâmbula“, do Mia Couto (na lista desde 2021). As três não serão mais cobradas no vestibular 2024.
Não é só chute: a convite do GUIA DO ESTUDANTE, o professor Henrique Landim justifica seus palpites.
1 – “Poemas Escolhidos”, de Gregório de Matos
“Se você fizer uma aposta comigo, eu ganho, porque tenho certeza que vai cair ‘Poemas Escolhidos’”, brinca o professor. Ele defende sua escolha a partir de três argumentos. O primeiro seria porque a obra nunca apareceu em nenhuma questão da segunda fase. O segundo é porque o livro só apareceu em duas questões na primeira fase, desde que entrou para a lista em 2019. E o terceiro, claro, é porque este é o seu último ano em que o livro será abordado na prova.
“A riqueza de possibilidades deste livro é enorme, são 173 poemas, é um universo gigante para ser cobrado uma última vez”, diz o professor. Nesta seleção de poemas feita pelo autor José Miguel Wisnik, em 1970, Gregório de Matos aparece usando suas palavras para enaltecer ou satirizar o Brasil do século 17.
2 – “Terra Sonâmbula”, de Mia Couto
Para Landim, ao observar as últimas provas, é possível notar uma tendência de uma mesma obra ser cobradas duas vezes seguidas na segunda fase. Segundo essa lógica, um livro que apareceu na segunda fase do vestibular 2022 deve aparecer de novo no vestibular 2023. “Justamente por isso, eu vou defender que o segundo livro que mais tem chance de cair neste ano é ‘Terra Sonâmbula’”, justifica.
Nos últimos três anos, o livro apareceu apenas uma vez, em uma questão da segunda fase. Como o professor explicou, é comum a mesma obra ser cobrada dois anos seguidos na segunda fase. Além disso, ‘Terra Sonâmbula’ também está de saída da lista.
Por fim, um outro argumento é que a questão sobre a obra que apareceu no vestibular 2022 era o que o professor chama de “verificação de leitura” – um tipo de pergunta apenas para se certificar de que o candidato leu o livro, sem requisitar uma análise ou interpretação do enredo.
“É um livro riquíssimo, eu tenho certeza que a Fuvest vai querer se despedir dele. É a história de um outro país que tem um passado colonial semelhante ao nosso, somada à relação com a língua e com Portugal… a chance é enorme”, afirma.
Nas páginas de “Terra Sonâmbula“, Mia Couto escreve sobre racismo, conflitos que assolam populações e dão lucro aos “fazedores da guerra”, além de tratar da busca pela identidade dos países colonizados.
3 – “Nove Noites”, do Bernardo de Carvalho
Por fim, o terceiro palpite do professor é “Nove Noites“, de Bernardo de Carvalho. “É uma obra que tem uma pegada intelectual que tem muito a ver com a prova, com uma certa complexidade”. Diferente das outras duas citadas, “Nove Noites” já apareceu algumas vezes na primeira e na segunda fase.
Mas assim como nos outros palpites, este é o último ano do livro de Bernardo de Carvalho na lista da Fuvest.
“‘Nove Noites’ teve uma boa recorrência nos últimos anos, já caiu bastante na primeira fase. Então, uma saideira com estilo faz muito sentido”, afirma.
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