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Em ano de Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), todo vestibulando precisa ficar atento às listas de possíveis temas de redação. Para essa tarefa, um recurso pouco explorado pelos estudantes são as redes sociais do Ministério da Educação (MEC) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Ambas as instituições têm o histórico de divulgar ao longo dos anos conteúdos que, vistos a posteriori, se relacionavam com temas que foram propostos na dissertação da prova.
Como mostra reportagem de 2020 do GUIA, essa prática é comum e acontece pelo menos desde 2017. Naquele ano, o MEC fez diversas publicações nas redes sociais dando destaque ao fato de que seria a primeira vez que a prova teria atendimento especializado para participantes com surdez ou deficiência auditiva. O tema da redação qual foi? “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”.
Outro exemplo mais recente aconteceu no ano passado em que o Inep publicou uma campanha no mês de prevenção ao suicídio. Isso acendeu o alerta em professores e estudantes para possíveis temas relacionados à saúde mental. Quem prestou atenção se deu bem, pois na edição de 2020 os participantes tiveram que dissertar sobre “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira“.
Dentro dessa proposta, o GUIA selecionou alguns conteúdos que foram recorrentes nas redes sociais do MEC e Inep em 2021 e convidou Gabrielle Cavalin, coordenadora de redação do Poliedro, para comentar se essas publicações podem se tornar o tema da dissertação do Enem 2021. Além disso, saber possíveis abordagens que devem ser enfatizadas na prova.
“Os temas publicados não têm a ver com ‘spoilers’, mas sim com a recorrência do problema na sociedade. O assunto aparece na mídia e, por consequência, é abordado por órgãos do governo porque fazem parte da realidade brasileira. É isso que o Enem busca: problematizar a nossa realidade a partir de temáticas que estão em evidência”, explica Gabrielle.
Educação financeira
O tema é uma das principais apostas para o exame. Nas redes sociais, o Ministério da Educação realizou diversas publicações dando destaque ao assunto.
Em 2020, a educação financeira passou a ser implementada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que prevê os conteúdos mínimos que devem ser ensinados desde a educação infantil até o ensino médio.
A BNCC determina que a educação financeira seja aplicada de forma transversal nas escolas de todo o país, em diferentes aulas e projetos. Porém, apesar de ser um tema interdisciplinar, está incorporado apenas na disciplina de matemática.
Com a implementação do Novo Ensino Médio a partir de 2022, a educação financeira também vai fazer parte dos conteúdos ensinados aos alunos.
De acordo com Gabrielle, existe a possibilidade de ser explorado algo relacionado à importância da educação financeira nas escolas, em razão da falta de conhecimento da população sobre o assunto.
“O brasileiro tem o hábito cultural de gastar mais do que poupar. E pouco conhecimento sobre taxa de juros, créditos, financiamento, endividamento. Todos esses pontos se devem à ausência da educação financeira. A BNCC provoca a necessidade do estudo para mudar a relação que a população adulta tem com o dinheiro”, comenta.
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Alimentação saudável
Durante a pandemia, assuntos relacionados à segurança alimentar ganharam destaque nos debates. Dentro das políticas públicas para amenizar os problemas causados pelo impacto da covid-19, o MEC destacou diversas vezes a importância do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que oferece alimentação nutricional para os estudantes da educação básica.
Na avaliação da professora do Poliedro, o tema é relevante e está dentro das discussões do Enem. Ela lembra que nesse ano o governo federal lançou um programa para combater a obesidade infantil e discutir a implementação de hábitos mais saudáveis.
“Essa campanha traz luz à necessidade de falar sobre o que significa se alimentar de forma saudável. A gente sabe que a obesidade, seja ela infantil ou na vida adulta, traz consequências para a saúde pública e impacta na longevidade do país, no SUS e na qualidade de vida”, explica.
Sobre possíveis abordagens, Gabrielle comenta que o Enem pode propor discussões a respeito da importância da alimentação saudável no ensino ou nas escolas. Ou até mesmo sobre o combate à obesidade infantil e juvenil no Brasil.
Outros acontecimentos também reforçam a relevância do assunto. Durante a pandemia, o Nobel da Paz do ano passado foi concedido ao Programa Mundial de Alimentos da ONU, devido ao trabalho de combate à fome.
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Acessibilidade para todos
Um dos principais desafios que pessoas com deficiência precisam enfrentar na sociedade é a falta de acessibilidade em espaços públicos e privados.
Nas redes sociais do MEC, as postagens relacionadas ao tema destacam um programa do governo federal que promove condições de acessibilidade a ambientes físicos, recursos didáticos e pedagógicos no ensino regular da educação básica.
“A ideia de espaços acessíveis para todos é relevante como tema desse ano, haja visto que nós tivemos as Olimpíadas e Paralimpíadas no Japão. Toda vez que temos eventos esportivos, as necessidades de locomoção que alguns brasileiros ganham destaque”, comenta.
Segundo a coordenadora de redação do Poliedro, essa questão também é importante devido à volta do ensino presencial.
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Assédio
O assédio pode ser classificado como qualquer conduta abusiva provocada por meio de palavras, comportamentos, gestos, entre outros, que causam danos psicossociais ou físicos a pessoas. Existem quatros tipos mais comuns: moral, sexual, bullying e “stalking” (perseguição decorrente de uma obsessão, que inclui contato pela internet ou no mundo físico).
Nesse ano, o governo federal lançou uma campanha que foi divulgada diversas vezes pelo Inep, com instruções sobre como identificar sinais de assédio moral no serviço público.
Apesar das postagens terem um público definido (servidores públicos), o tema pode aparecer de outras maneiras na redação do Enem. Por isso, é importante pesquisar conteúdos que envolvam grupos maiores na sociedade. “O assunto precisa ter um impacto direto na vida dos estudantes que participam da avaliação”, comenta Gabrielle.
Vale ressaltar que em abril foi sancionada no Brasil uma lei que inclui no Código Penal o crime de perseguição (stalking).
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