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Fuvest 2020: curiosidades sobre as obras cobradas na prova

Superstições, uma prisão e dúvidas sobre a autoria dos textos são alguns dos aspectos por trás desses livros e seus autores

Por Julia Di Spagna
Atualizado em 4 dez 2019, 16h01 - Publicado em 18 nov 2019, 12h29

Ao longo da sua trajetória estudantil, você deve ter entrado em contato com diversos gêneros literários que despertaram o seu interesse. E também com aqueles que não agradaram muito e ficaram para trás. 

De qualquer forma, ao começar a se preparar para o vestibular, você descobriu que algumas universidades cobram uma lista obrigatória de leitura e que para um bom desempenho seria necessário se aprofundar nesses livros. Esse é o caso da Fuvest, que seleciona os estudantes que irão ingressar na Universidade de São Paulo (USP). 

Algumas obras poderiam já ser conhecidas e outras foram completas novidades. Mas, no final, todas foram parar na sua estante. 

Para deixá-lo ainda mais imerso nesses livros, separamos uma lista com curiosidades sobre as obras cobradas na Fuvest e seus autores. Também é possível conferir resumos, análises e podcasts sobre cada uma, para você ficar por dentro do assunto da maneira que preferir. Veja abaixo:

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Poemas Escolhidos, de Gregório de Matos

A coletânea de poemas publicados no livro Poemas Escolhidos de Gregório de Matos foi elaborada por José Miguel Wisnik. Conhecido como “Boca do Inferno”, Gregório recebeu esse apelido devido a suas poesias satíricas e eróticas. Essa imagem se consolidou em séculos de leitura moralista e sua obra completa só foi publicada no século 20.

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Além disso, há várias especulações sobre a própria autoria de seus textos, pois ele não tinha o costume de documentar seus poemas e não há registros que comprovem que os escritos são seus. Diz a lenda que, logo após a morte do poeta, um governador abriu alguns cadernos em Salvador para que todas as pessoas que soubessem poemas de Gregório os registrassem naquelas folhas. Assim, a etiqueta “Gregório de Matos” pode nomear uma série de textos que circulavam anônimos na Bahia do século 17.

Quincas Borba, de Machado de Assis

Quem lê Quincas Borba precisa saber que o personagem é o mesmo que aparece em outro livro famoso de Machado: Memórias Póstumas de Brás Cubas. Após falecer, o personagem deixa sua herança e seu cachorro para o amigo Rubião, que se apaixona por uma mulher casada.

Um equívoco envolvendo o nome do autor é pouco conhecido, mas um tanto quanto curioso. A segunda edição de sua obra Poesias Completas, publicada em 1902, teve a palavra “cegara” erroneamente substituída por “cagara”. A frase estava no prefácio e ficou assim: “…porque a afeição do meu defunto amigo a tal extremo lhe cagara o juízo que viria a ponto reproduzir aqui aquela saudação inicial”.

O erro chegou a ser corrigido à mão, mas alguns exemplares entraram em circulação antes da editora notar o erro. Dizem que o próprio Machado teria participado de um mutirão para corrigir os exemplares.

Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade

Claro Enigma foi publicado em 1951 e, para entender do que se trata o livro, é essencial conhecer seu contexto. O mundo lidava com a corrida armamentista das duas grandes potências da época, União Soviética e Estados Unidos. A Guerra Fria era o pano de fundo das discussões do momento.

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O medo de uma possível guerra nuclear era constante e os horrores da 2ª Guerra Mundial ainda estavam no pensamento das pessoas. Com essa nova realidade, Drummond, que até então se mostrava esperançoso em suas poesias criticando as injustiças sociais, passou a escrever com enorme pessimismo. 

E você sabia que o poeta já estampou notas de 50 cruzado novos? A moeda foi implantada em 1989, após o cruzado, e de um lado tinha o rosto de Drummond e do outro um de seus poemas publicados em 1948: Canção Amiga.

Angústia, de Graciliano Ramos

No ano em que Angústia foi publicado, 1936, seu autor, Graciliano Ramos, estava preso pelo governo de Getúlio Vargas. Ele havia sido acusado de participar da Intentona Comunista, revolta de cunho político e militar que tentou derrubar o então presidente.

O livro, inclusive, trata de grandes temas existências, mas também é possível notar diversas referências ao sistema político vigente.

A Relíquia, de Eça de Queirós

O romance foi primeiramente publicado na cidade do Porto, em Portugal, em 1887. No Brasil, A Relíquia chegou por meio de folhetins no Rio de Janeiro, que eram publicados no periódico Gazeta de Notícias

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Um fator de sua vida pessoal que, segundo estudiosos, teria influenciado diretamente as obras do autor é o fato de seus pais terem se casado quatro anos após seu nascimento. Na época, 1845, ser filho de “mãe solteira” – sim, o pai ser solteiro não era um problema – era um escândalo considerado uma humilhação para a criança. Por isso, Eça teria construído diversas personagens mulheres, como desonestas, incestuosas e adúlteras.

Mayombe, de Pepetela

Pepetela ganhou o Prêmio Camões de Literatura com Mayombe. Considerado o maior prêmio da língua portuguesa, busca consagrar autores que tenham contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural.

O escritor angolano foi um guerrilheiro engajado em missões militares em meio à floresta tropical africana e usou dessa vivência pessoal para compor o romance. Muitos leitores ficam se perguntando qual dos personagens seria o próprio autor. Quando questionado sobre o assunto, Pepetela assegurou que nenhum dos personagens era ele mesmo e que tudo ali era uma mistura de experiência e imaginação.

Outro detalhe curioso revelado por ele é que, quando estava mais ou menos na metade da escrita do livro, um dos personagens teria pedido para ser morto. Pepetela acatou, escrevendo o episódio final. Todo o trabalho posterior foi apenas completar o que faltava, do meio da narrativa até o seu desfecho.

Sagarana, de Guimarães Rosa

Em Sagarana, primeiro livro de Guimarães Rosa, chama atenção o fato de que as narrativas têm forte conteúdo alegórico. São verdadeiras fábulas em que Minas Gerais aparece como uma espécie de espaço mágico onde há cavaleiros que lutam contra o mal, feiticeiros poderosos (capazes de cegar pessoas ou fechar o corpo delas contra balas ou facadas), animais que pensam e falam. Mas de onde viria essa inspiração?

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Guimarães Rosa era muito erudito e viajado. Além disso, dizem que era um homem profundamente apegado ao misticismo e a superstições: usava cotidianamente figas, rezas e benzedeiras. Inclusive, é famosa a sua intuição de que morreria logo que assumisse a almejada cadeira na Academia Brasileira de Letras. Por isso, adiou a posse por alguns anos. Três dias depois de assumi-la, um infarto fulminante o matou.

O Cortiço, de Aluísio Azevedo

Em 1978, estreou um filme cujo roteiro foi baseado no romance naturalista de Aluísio de Azevedo, O Cortiço. A obra conta com a participação de Betty Faria interpretando Rita Baiana e está disponível aqui.

Tendo como cenário uma habitação coletiva, o romance difunde as teses do naturalismo, movimento muito associado ao determinismo e que, por isso, explica o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e do momento histórico.

Minha Vida de Menina, de Helena Morley

Trata-se de um diário de uma adolescente de Minas Gerais publicado em 1942 por Helena Morley, pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant. O livro também foi adaptado para filme, disponível aqui, e ganhou o título Vida de Menina. Ele recebeu sete prêmios – seis pelo Festival de Gramado e um pelo Festival Internacional de Filmes do Rio de Janeiro. 

Vale lembrar que, até hoje, a família da autora não permitiu que estudiosos tivessem acesso aos cadernos que a menina escreveu no final do século 19. Isso já despertou a desconfiança de muitos de que pode ter ocorrido alguma modificação na construção do texto, que revela uma capacidade inusitada de percepção da realidade e de ironia.

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