Em meio a uma pandemia que elevou a pressão sob os profissionais da saúde, cresceu também o interesse dos estudantes pelos cursos da área. É isso que mostra uma análise feita pela ABMES, a Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior, a partir dos dados do último Censo de Educação Superior.
Os números de 2020 apontam para o aumento de matrículas em graduações da saúde durante este que foi o primeiro ano da pandemia. A pesquisa também indicou um crescimento geral da modalidade à distância, que superou, pela primeira vez no país, a presencial.
EAD e saúde
Ainda de acordo com a análise feita pela ABMES e Educa Insights, os cursos da saúde também foram os que mais se destacaram dentro da modalidade EAD durante os 12 primeiros meses de pandemia – a procura foi 78% maior em comparação com o ano anterior. Ao todo, 78.527 novos alunos ingressaram durante o período, totalizando 100.863 estudantes da saúde nesta modalidade de ensino.
Os cursos em formato EAD que alcançaram maior volume de matrículas em comparação com o ano de 2019 foram:
- Farmácia — 21.980 matrículas, aumento de 416,3%
- Biomedicina — 27.045 matrículas, aumento de 190,1%
- Nutrição — 27.839 matrículas, aumento de 70,5%
- Enfermagem — 43.369 matrículas, aumento de 30,4%
A saúde também se destacou na modalidade presencial, ocupando sete das dez posições entre os cursos mais procurados. São eles: Psicologia, Enfermagem, Fisioterapia, Odontologia, Medicina, Biomedicina e Farmácia e Bioquímica.
Efeito inspiração
Celso Niskier, diretor-presidente da ABMES, conta que três fatores relevantes impulsionaram a busca por cursos relacionados à saúde. “Isso aconteceu, em primeiro lugar, pelo aumento nas contratações na área da saúde, em função de tudo o que vivemos durante a pandemia”, disse em entrevista ao GUIA DO ESTUDANTE.
Mas, para a associação, nem tudo se resume a essa análise pragmática da área. Outro fator que contribuiu para esse aumento das matrículas foi o que Niskier chama de “efeito exemplo”, ou “efeito inspiração”. Segundo ele, muitos jovens viram nos profissionais da saúde a figura de heróis durante pandemia e, por conta disso, sentiram-se estimulados e inspirados a seguirem profissões correlatas.
A terceira causa apontada pelo presidente da ABMES é uma consequência das duas anteriores. “As profissões ligadas ao setor da saúde são reguladas e exigem diplomas de ensino superior. Por isso, movidos pelo efeito inspiração e pelo aumento de vagas neste setor, houve uma busca pela regularização formal por parte dos estudantes”, explica.
Vale pontuar que para a área da saúde não existem opções de curso na modalidade 100% EAD. O que há é o formato semipresencial, que oferece aulas práticas presenciais combinadas com aulas teóricas feitas à distância, visto que são profissões que exigem conhecimento prático.
Para Niskier, esse formato pode ser positivo em função da maior flexibilidade que oferece, permitindo a profissionais da saúde de nível técnico buscarem uma graduação e conciliarem os estudos ao trabalho.
“Nós entendemos que o crescimento das profissões que tratam do cuidado humano é importante na constituição de uma sociedade mais justa e mais compassiva”, avaliou.
Plano Nacional de Educação
Mesmo com o aumento de ingressantes em cursos de nível superior, as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) ainda estão longes no horizonte. Isso porque o plano estipula que, de 2014 a 2024, o número de matrículas no ensino superior deveria alcançar um aumento de 50%, referente a taxa bruta, e 33%, referente à líquida, A taxa líquida de matrículas diz respeito àquelas feitas por alunos entre 18 e 24 anos. Para a associação, esses números só poderão ser alcançados em meados de 2055, mais de trinta anos depois do estabelecido pela meta.
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