Como a ideia de flexibilidade está dominando o mercado de trabalho
Um mesmo curso pode levar a diferentes trajetórias, assim como uma mesma função pode ser exercida por graduados em áreas distintas
Até os anos 1990, quando um estudante tinha que fazer uma pesquisa, ia a uma biblioteca, pegava uma enciclopédia, lia dois ou três verbetes, juntava tudo, resumia e pronto. Hoje pesquisar é muito mais complexo.
Ao fazer uma busca no Google, aparecem vários links. Você escolhe, clica e abre-se uma janela. Começa a ler e logo esbarra com um conceito interessante, mas que não foi aprofundado ali. Então, escolhe outro link. E, assim, vai lendo textos, assistindo vídeos, vendo gráficos. No final, você fez um caminho que, na maioria das vezes, é muito mais amplo do que o esperado de início.
Com a formação profissional está acontecendo um fenômeno muito parecido. “A graduação deixou de ser sinônimo de profissão”, diz Lucila Camargo, psicodramatista, terapeuta especialista em conflitos profissionais, coaching, mentoring e counseling.
Ela se tornou apenas a porta de entrada para um caminho que levará a outros rumos, às vezes inesperados, mas muito mais amplos. “Você pode começar estudando Filosofia. No curso, se interessa pelos princípios da matemática. Então, faz uma pós na área. Lá você se identifica com os aspectos práticos dessa ciência e acaba trabalhando com computação”, exemplifica Lucila.
E não para por aí. Quando assumir postos de chefia, esse profissional que começou na filosofia e terminou na computação provavelmente fará cursos de gestão de pessoas. Nesse momento, vai aproveitar muitos dos conhecimentos que absorveu lá na graduação inicial.
Isso mostra que a educação hoje está rompendo as barreiras das disciplinas estabelecidas pelo sistema oficial. “Mais do que em interdisciplinaridade, podemos falar em transdisciplinaridade. As disciplinas foram criadas por uma questão pedagógica, para facilitar o aprendizado. Elas não existem na natureza”, explica a terapeuta.
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Segundo ela, a tendência é que elas percam importância. Ao construir seu currículo acadêmico e profissional, as pessoas levarão cada vez menos em conta as divisões tradicionais de disciplinas afins. Estão percebendo que, por exemplo, ter um curso de graduação em Exatas não impede uma pessoa de fazer uma pós-graduação em Biológicas ou vice-versa.
A própria trajetória de Lucila é um exemplo disso. Jornalista por 30 anos, fez carreira na Editora Abril, de repórter da revista Veja durante a ditadura a diretora do GUIA DO ESTUDANTE. Depois, cursou especializações em Psicodrama, Cosmodrama, Síntese Transacional e Psicologia Transpessoal, o que a habilitou a atuar hoje como terapeuta.
“Claro que um engenheiro não pode acordar um dia dizendo ‘eu quero fazer uma pós em Medicina’. Ele precisa ter construído esse caminho”, ressalta Lucila. Mesmo que seja por meio de cursos livres ou leituras, o profissional precisa ter conhecimentos que o habilitem a acompanhar um curso formal. A academia, no entanto, continua funcionando pelo sistema de disciplinas e nem sempre esses saltos são aceitos, há pré-requisitos a cumprir.
Vários cursos em uma graduação só
O sistema educacional ainda está se adaptando à nova realidade. No Brasil, as instituições de Ensino Superior ainda são obrigadas a seguir a matriz curricular determinada pelo MEC. Com uma tradição na área de comunicações, a ESPM-SP, por exemplo, entendeu a importante ligação que esse campo do conhecimento tem hoje com a tecnologia e decidiu criar um bacharelado em tecnologia.
Pelas regras do MEC (Ministério da Educação), só há três bacharelados possíveis nessa área: Engenharia de Computação, Ciências da Computação e Sistemas de Informação. A escola optou pelo último por ser o que tem mais relação com os temas em que tem mais expertise, mas para a divulgação apelidou o curso de Tech.
“Antes de criar o bacharelado em Sistemas de Informação, fomos estudar o que as escolas dos países que lideram a economia criativa fazem”, conta Rodrigo Tafner, coordenador do curso de Tech da ESPM.
“Uma das principais tendências é a Applied ITC (Information, Technology and Communication). Eles ensinam a tecnologia como meio e não apenas como fim. Mas a matriz do MEC nos obriga a dar aula de manutenção de hardware, por exemplo. Isso faz sentido só para quem vai trabalhar no departamento de suporte de uma empresa, não para quem quer usá-la como ferramenta de criação. A solução que encontramos foi dar mais horas-aula do que as obrigatórias”, explica.
No curso de Tech, os dois primeiros anos são em período integral, manhã e tarde. Neles, os alunos cursam a maior parte das disciplinas obrigatórias. Nos dois últimos, o curso é à noite e o aluno pode cursar uma série de disciplinas dos outros cursos da ESPM: Publicidade e Propaganda, Jornalismo, Administração, Cinema e Audiovisual, por exemplo.
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“O aluno tem de fazer a opção aos 17 anos. Ao longo da universidade, as escolhas profissionais dele vão divergindo das originais. Então, damos a opção para ele ir mudando conforme se aproxima do mercado de trabalho”, afirma Rodrigo.
Em cursos novos, que estão sendo criados agora, essa flexibilização se torna mais fácil. É o caso de Estudos de Mídia. Bacharelado criado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), esse curso tem um número mínimo de disciplinas obrigatórias e mais de 300 optativas. Cada aluno monta seu currículo, que pode ter foco nas áreas mais diversas, como indústria fonográfica, games ou teoria da comunicação.
“O objetivo é formar profissionais com visão abrangente e integrada acerca dos meios de comunicação”, diz Mayka Castellano, coordenadora do curso. “Nós entendemos que um curso como o de Estudos de Mídia precisaria ser maleável para dar conta da complexidade da mídia hoje”, completa.
Veja, a seguir, depoimentos de profissionais que, partindo de uma mesma graduação, seguiram caminhos completamente diferentes. E de outros que, tendo feito cursos totalmente diversos, chegaram ao mesmo ponto na carreira.
O curso é o mesmo, mas o destino…
Aqui, três profissionais formados no mesmo curso – Publicidade e Propaganda na ESPM-SP – relatam como tomaram rumos inesperados e hoje atuam em áreas distintas.
Maurício Herszkowicz, 35 anos, produtor musical, sócio da Mugshot Produtora de Som e da plataforma de música independente Punks S/A
Maurício sempre gostou de música. Quando criança, já tocava piano, violão e guitarra. Na hora de entrar na universidade, no entanto, achou que tinha de escolher uma profissão menos alternativa.
“Pensei até em prestar Música”, conta. “Mas, sabe como é? Pai médico, mãe fonoaudióloga, irmão advogado… Venho de uma família mais tradicional. Achei que talvez não conseguisse sobreviver com música. Então, prestei Publicidade e Propaganda, porque era um curso que tinha ligação com artes, com comunicação. Mas não sabia exatamente o que esperar”, lembra.
Ainda assim, diz ter ficado muito feliz quando foi aprovado no vestibular da ESPM e ter curtido o curso, que oferece disciplinas de áreas tão diversas quanto finanças e fotografia. Só que não largou a música – na época da faculdade, tinha uma banda de pop rock que já se apresentava profissionalmente – , mas achava que seguiria uma carreira padrão em publicidade. Tanto que, no último ano, foi fazer estágio em uma agência. “Não gostei. Aproveitei a experiência para aprender sobre o mercado de publicidade, mas percebi que aquela vida de trabalhar das 9 às 18h, ser empregado, não era para mim”, relata.
Mais ou menos na mesma época, assistiu uma palestra na faculdade sobre produção de música para publicidade. “Adorei a ideia de trabalhar com música e publicidade”, lembra. “Comecei a ver que dava para entrar no mercado fazendo o que eu mais gostava. Então, decidi investir no meu sonho e fui estudar Música e Produção Musical no Berklee Music College, em Boston, nos Estados Unidos.”
Terminada a segunda graduação, foi trabalhar na Elias Arts, em Nova York, uma das principais produtoras de jingles dos EUA. Lá conheceu seu futuro sócio, o músico canadense Jared Gutstadt, que fundara a Jingle Punks, uma plataforma online na qual músicos independentes podem subir suas criações, que são vendidas para publicidade, séries, aplicativos – uma espécie de Tinder do músico e do cliente. Gutstadt convidou Maurício para trazer essa plataforma para o Brasil, e assim nasceu a Punks S/A. Mais ou menos ao mesmo tempo, Maurício fundou também a Mugshot.
Segundo ele, os anos de faculdade de publicidade foram fundamentais para conhecer o mercado e posicionar as empresas, que hoje são um grande sucesso. Tanto sucesso que projetaram o nome de Maurício como produtor e possibilitaram que ele investisse também na sua carreira artística. Com o pseudônimo de Altermauz, ele é hoje um conhecido músico da cena eletrônica.
Marina Wajnsztejn, 34 anos, desenvolvedora de negócios digitais e professora de Plataformas Digitais e de Criatividade do curso de Publicidade e Propaganda da ESPM
“A vida inteira flertei com as artes”, conta Marina. “Quando criança, fazia jazz, sapateado, percussão corporal. Na época do colégio, já estava me apresentando profissionalmente. Mas não sabia exatamente o que fazer na vida. Pensava em fazer Administração, como minha mãe. Fiz uns testes vocacionais que apontaram para comunicação. Prestei e entrei nos dois, Administração na Getúlio Vargas (FGV) e Publicidade e Propaganda na ESPM. No fim, o coração bateu mais forte e escolhi a publicidade”, lembra.
Daí para a frente, tudo começou a se encaixar. Marina gostou tanto do curso quanto das atividades extracurriculares da escola. E ela se envolvia com várias delas. Mas logo começou a crescer o olho para o lado das novidades que estavam surgindo no mundo digital. “A internet no início dos anos 2000 era mato. A gente tinha de desbravar. Catar informação nos blogs. Começavam a surgir algumas agências que faziam o que a gente chamava de marketing de guerrilha, ou seja, marketing digital”, relata.
Seu primeiro emprego foi numa dessas agências. Na carteira de trabalho, constava que era redatora. Mas, na verdade, sua função não se encaixava em nenhuma das definições de cargos tradicionais de uma agência. “Eu coordenava ações de marca em comunidades do Orkut (rede social que precedeu o Facebook)”, conta.
Logo estava trabalhando em grandes agências, como a Salem, onde planejava e coordenava a execução de campanhas alternativas, que incluíam ações online e offline, como o lançamento no Brasil da plataforma de compartilhamento de fotos Flickr. “A plataforma internacional já tinha alguns usuários brasileiros. Convidamos esses usuários a apresentar o seu Brasil para o Flickr”, lembra. Trabalhou também na Sinc, na Ogilvy e na DPZ – nas duas últimas, como diretora de planejamento de campanhas digitais e tradicionais.
Nunca parou de estudar. Fez um mestrado em Semiótica na PUC-SP, depois foi morar um ano na Suécia, onde fez um curso curto de extensão na escola de criatividade digital Hyper Island. E agora está fazendo doutorado também em Semiótica na PUC, tendo como tema o uso das redes sociais na educação. Educação agora é um tema de interesse de Marina. Em 2017, com um filho de 2
anos, ela decidiu sair da agência, montar uma consultoria e aceitar o posto de professora de Plataformas Digitais e de Criatividade do curso de Publicidade e Propaganda da ESPM.
Alexis Müller, 31 anos, sócio da produtora de vídeos KM77
Quando entrou para a faculdade de Publicidade e Propaganda da ESPM, Alexis Müller não imaginava nem de longe a vida que leva hoje. Depois de demonstrar interesse por várias profissões diferentes, passara por um processo de orientação vocacional. “Na adolescência, eu tinha interesse por tudo, de Medicina a Oceanografia. Meus pais viram a ‘confusão’ e me colocaram na orientação. Os testes indicaram que eu tinha habilidades para artes e comunicação, jornalismo, propaganda, marketing”, conta.
Então, se inscreveu no vestibular para Publicidade e Propaganda na ESPM e Jornalismo na Fuvest e na Cásper Líbero. O da ESPM
aconteceu primeiro, e ele foi aprovado. “De cara, eu me apaixonei pela faculdade”, lembra. “Mas, depois de um tempo, comecei a achar que o meu negócio não era exatamente a publicidade.” Então, fez paralelamente à faculdade um curso de teatro na Oficina de Atores Nilton Travesso. E começou a atuar.
Nesse meio-tempo, trabalhou também no setor de marketing da empresa de engenharia ambiental da mãe e participou da empresa júnior da ESPM. Até que, pelo banco de talentos da escola, conseguiu um estágio no marketing da Vivo. “E lá fui eu tentar trabalhar no mundo corporativo”, diverte-se Alexis. “Era um bom estágio, salário bacana, benefícios ótimos. Mas não era o que eu queria. Aí eu tive certeza disso. E fui procurar trabalho em produtora”, diz.
Alexis tinha assistido uma palestra do cineasta Heitor Dhalia na faculdade e, por meio de um professor, conseguiu entrar em contato com ele. Então, foi chamado por Dhalia para fazer produção, como estagiário, em um comercial da famosa produtora O2. Meses depois, estava trabalhando como assistente, a essa altura já formado.
Gostou do trabalho, mas acabou optando por fcar só com o teatro. Depois de alguns anos, resolveu reunir as duas coisas, fazendo a segunda graduação, em Cinema na FAAP. Ainda na faculdade, seus curtas começaram a ganhar prêmios. E, quando se formou, já tinha clientes.
Pouco depois, fundou com amigos a produtora KM77, especializada em criação de conteúdo digital, mas que realiza também produções para cinema, comerciais para TV e outras peças publicitárias. Alexis ainda faz assistência de produção para filmes de outras produtoras e está terminando uma pós-graduação em roteiro. Publicidade hoje é só parte de seu trabalho. Seu sonho: dirigir um longa-metragem.
Um cargo, vários pontos de partida
Conheça a história de três coordenadores de marketing da Wine.com.br, o maior e-commerce e maior clube de vinhos do Brasil, sediado em Vitória, no Espírito Santo, cujas bagagens são bastante diferentes apesar de compartilharem a mesma função.
Renato Fazani, 31 anos, paulistano, formado em Jornalismo na Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo
Renato hoje é responsável pelo time que faz a gestão da loja virtual do grupo e o planejamento da comunicação das campanhas. Desde cedo, tinha certeza de que queria ser jornalista. “A ideia de escrever para revistas fazia meus olhos brilharem. Na hora de prestar vestibular, foi muito fácil. Eu sabia exatamente o que queria fazer”, afirma. Foi aprovado na São Judas Tadeu. “Adorei o curso. Além da teoria, tinha muita aula prática”, conta. Mas a vida o levou para o mundo corporativo. Trabalhou na Porto Seguro, na Netshoes, na CVC Turismo, na Latam Airlines e na Petz. Enquanto isso, foi estudando para se adequar às responsabilidades que iam aparecendo.
“Fiz um MBA em Liderança e Coaching, na Universidade Anhembi Morumbi, e uma pós-graduação em Gestão de Negócios e Marketing, na ESPM.” Há dois anos, mudou-se de São Paulo para Vitória, para trabalhar no marketing da Wine.com.br. “Quando comecei a trabalhar com comércio eletrônico, fiz alguns cursos voltados para plataformas e outras ferramentas para monitoramento de métricas”, conta. “Trabalhar com digital, principalmente em comércio eletrônico, é se reinventar a cada dia”. De quebra, aprendeu um tanto também sobre vinhos. A empresa sempre oferece treinamentos e degustações para profissionais dos mais diversos departamentos.
Eduardo Cozendey da Silva, 50 anos, vitoriense, formado em Artes Plásticas pela UFES Eduardo hoje é responsável por todo o posicionamento de marca da Wine.com.br, cuida da área de mídias sociais, gestão de vídeos e campanhas institucionais, além de gerenciar o programa de apoio a atletas amadores. Filho de um técnico em eletrônica, sempre gostou de inventar coisas. “Pelo fato do meu pai trabalhar em telecomunicações, tinha acesso a equipamentos. Pude ter um laboratório em casa, onde dava asas a minha imaginação”, lembra.
De início, achou que seguiria o caminho do pai e tirou o diploma técnico para isso. Depois, prestou vestibular para Engenharia Elétrica. “Na minha época, a gente não tinha muita escolha”, explica. “Os cursos mais desejados eram Medicina, Engenharia e Direito. No meu caso, a Engenharia era a escolha natural.” Ele faz questão de ressaltar que a escolha foi sua, o pai nunca o obrigara a nada. “Meu pai sempre me disse: ‘Faça o que quiser, mas procure ser o melhor e esteja pronto para qualquer situação. Esteja atualizado, atento e apto a aproveitar todas as oportunidades que apareçam’”, conta.
Eduardo entrou em Engenharia Elétrica na PUC-MG e mudou-se para Minas Gerais para fazer o curso e ser o grande inventor que sonhava na adolescência. “O tempo foi passando, as matérias ficando mais interessantes, mas o cartesianismo da área de Exatas foi me cansando”, diz. Acabou se voltando para o hobby do pai, que era a fotografa. “Comecei a fazer algumas fotografas e a minha preocupação com os projetos da faculdade passou a se direcionar mais para a apresentação do que para a função. Em 1991, tranquei o curso e voltei a Vitória para fazer Artes”, relata.
Logo depois de se formar, começou a dar aulas no Ensino Superior. “Fiquei nisso por 16 anos, até vir para a Wine”, conta. “Durante esse período fiz um mestrado em Semiótica na UFF, uma pós em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável na FGV e vários cursos de capacitação. Nos primeiros quatro anos, mantinha também um escritório de design”, completa.
Eduardo foi convidado a assumir o cargo atual em 2014, para implantar o projeto Team Wine, um programa de apoio a atletas amadores. Depois que entrou na empresa, continuou aprimorando a sua formação. Já fez cursos de softwares específicos para a área, programação web, fotografa, gestão de projetos, branding, gestão de pessoas, gestão de processos, controle de qualidade, entre outros. “A atualização é obrigação na vida de qualquer profissional”, conclui.
Edson Teles, 28 anos, brasiliense, formado em Design pela UCL Edson é o responsável pela área de criação do departamento de marketing, pelo desenvolvimento de peças e campanhas do ponto de vista visual e pelo acompanhamento dos resultados.
“Desde pequeno, eu sempre me interessei por design de sites”, conta. “Outro dia, achamos um vídeo antigo no qual meus pais perguntam o que eu queria ser quando crescesse e eu respondo: web designer.”
No entanto, a primeira faculdade que cursou foi a de Direito. Na verdade, não foi por escolha própria, com base em uma decisão consciente. Edson trabalhava como menor aprendiz em um tribunal de Vitória, cidade para onde seu pai tinha sido transferido, e os juízes o influenciaram a seguir a carreira jurídica. “Passei no vestibular com 16 anos, numa faculdade particular, e alguns juízes se cotizaram para pagar os meus estudos”, relata.
Edson chegou a cursar três semestres, mas acabou concluindo que aquilo realmente não era para ele. Passou, então, por um novo processo de seleção e entrou em Design na UCL, onde conseguiu uma bolsa de estudos. “Por consideração, chamei os juízes e expliquei que tinha de mudar”, conta. “Eles entenderam.”
Na faculdade, ficou encantado com o aspecto funcional do design, a preocupação em desenvolver soluções para facilitar a vida das pessoas. Já no primeiro período do curso, começou a trabalhar em agências publicitárias. No sétimo, fez um estágio no Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes). No último período, foi contratado pela Wine.com.br. Entrou como editor audiovisual, depois foi promovido a designer sênior, analista de gestão de demandas sênior, supervisor de marketing na área de criação e, finalmente, a coordenador de marketing na área de criação.
Nesse caminho, de rápida ascensão, fez cursos de gestão de pessoas, negociação, gestão de confitos, pensamento enxuto (Toyota system). Quando entrou na empresa, aos 23 anos, nunca tinha bebido álcool na vida. No primeiro dia de trabalho isso mudou. Logo de início, iniciou um programa de treinamento com os sommeliers da casa, com duas aulas semanais e provas semestrais. “Foi muito importante. Ter uma visão do produto ajuda a criar”, afirma.
Conteúdo publicado na revista de Profissões do GUIA DO ESTUDANTE em 2018.