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Dia de Martin Luther King: veja por que esta segunda é feriado nos EUA

A data é uma homenagem ao líder que lutou pela igualdade de direitos dos negros no país

Por Julia Di Spagna
Atualizado em 18 jan 2021, 16h26 - Publicado em 20 jan 2020, 12h09
 (Wikimedia Commons/Reprodução)
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“Eu tenho um sonho de que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da irmandade. (…) Tenho um sonho de que meus quatro filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter.”

As palavras são de Martin Luther King, de seu famoso discurso “Eu Tenho um Sonho”, proferido em 1963. Ele foi um dos maiores líderes do movimento pelos direitos civis da população negra nos Estados Unidos, durante as décadas de 1950 e 1960. E, neste ano, elas ganham ainda mais significado: o estado da Geórgia elegeu agora seu primeiro senador negro, Raphael Warnock.

Hoje, 18, na terceira segunda-feira de janeiro, os EUA celebram o Dia de Martin Luther King. O objetivo é homenagear a figura em uma data próxima ao seu aniversário. O feriado é móvel, e não no próprio aniversário dele, porque segue uma lei americana que determina que certas datas festivas sejam celebradas às segundas. Os dias de Washington e Colombo, por exemplo, também são feriados móveis comemorados segunda-feira.

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Conhecer a trajetória de Martin Luther King e seus principais feitos é de extrema importância para entender a luta do movimento pelos direitos civis. Reunimos as principais informações sobre o líder para você ficar por dentro do assunto, que também costuma cair nas provas.

Início da militância

Michael King Jr. nasceu em 15 de janeiro de 1929, em Atlanta, na Geórgia, filho de um pastor protestante e de uma professora. Adotou o nome Martin Luther King posteriormente, inspirado no monge alemão Martinho Lutero, figura central da Reforma Protestante do século 16. Sim, às vezes passa batido, mas “Martin Luther” e “Martinho Lutero” são o mesmo nome.

Desde cedo, ele viveu a segregação racial respaldada pela lei no sul dos Estados Unidos. Aos 17 anos, tornou-se pastor assistente de seu pai. Interessado nos estudos, formou-se em Sociologia, Teologia e cursou doutorado em Filosofia. Em 1953, casou-se com Coretta Scott Williams, com quem teve quatro filhos.

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Uma de suas primeiras ações na militância em defesa da causa negra acontece em 1955, depois que Rosa Parks, ativista negra pelos direitos civis, foi presa por se recusar a ceder seu lugar a um homem branco em um ônibus em Montgomery, no Alabama. Na época, com a segregação racial institucionalizada, os passageiros negros eram obrigados a ocupar apenas os últimos assentos nos ônibus e, se preciso, dar seus lugares a passageiros brancos.

A partir desse episódio, Luther King e outros ativistas e simpatizantes da causa passaram a não usar ônibus públicos, em um boicote que durou 382 dias e causou prejuízos financeiros à cidade. Como consequência, a Suprema Corte do país declarou ilegal a segregação em transportes públicos.

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Inspirado pelas crenças cristãs e, principalmente, pelo líder espiritual indiano Mahatma Gandhi e por sua filosofia da não-violência, Martin Luther King defendia o fim da discriminação racial pela via pacífica, com manifestações sem violência e atos de desobediência civil.

Durante uma campanha não-violenta em Birmingham, Alabama, que na época era considerada a cidade mais racista do país, King foi preso, acusado de causar desordem pública. Na prisão, escreveu uma famosa carta na qual afirmava que as pessoas tinham a responsabilidade moral de desobedecer e lutar contra leis injustas. Ao longo de sua trajetória, foi preso, sofreu diversos atentados e sua casa chegou a ser bombardeada.

Luta contra o racismo

Em 28 de agosto de 1963, mais de 250 mil americanos acompanharam seu emblemático discurso durante a Marcha sobre Washington por trabalho e liberdade, uma manifestação política de grandes proporções que ocorreu na capital do país. Na escadaria do Lincoln Memorial, King defendeu a liberdade, a igualdade e o fim da marginalização dos negros. Por esse ato, foi considerado o Homem do Ano de 1963 pela revista Time.

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A marcha acabou pressionando a administração do então presidente John Fitzgerald Kennedy (JFK) para que as questões de direitos civis fossem levadas ao Congresso. No mesmo ano, Kennedy apresentou a Lei dos Direitos Civis, que concedia igualdade ampla e nacional a todos os americanos. JFK foi assassinado em 1963, e coube ao novo presidente, Lyndon Johnson, assinar o Ato de Direitos Civis, em 1964. Por sua luta, Martin Luther King recebeu, aos 35 anos, o Prêmio Nobel da Paz daquele ano, sendo a pessoa mais jovem a ganhar o prêmio até então.

A igualdade de direitos, no entanto, existia apenas como lei e não ainda de fato. Por essa razão, Luther King apoiou e participou, em 1965, das famosas Marchas de Selma a Montgomery, no Alabama, que reivindicavam o pleno direito ao voto para as pessoas negras. As marchas foram fortemente reprimidas pela polícia, mas acabaram surtindo efeito.

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O presidente Lyndon Johnson se posicionou favoravelmente a uma mudança eleitoral, e a Lei dos Direitos de Voto foi aprovada pelo Congresso em 1965. Ambas as leis, de 1964 e 1965, são marcos da luta contra o racismo nos Estados Unidos, proibindo práticas eleitorais discriminatórias e os sistemas estaduais de segregação racial.

Sua defesa da desobediência civil e da não-violência como meio de promover as mudanças sociais necessárias, entretanto, foi contestada por outros grupos e ativistas negros, que avaliavam como lentas as conquistas alcançadas por King. Malcolm X, por exemplo, considerava legítimo o uso da violência como um recurso de autoproteção. E o Partido dos Panteras Negras, grupo revolucionário que lutou contra o racismo, era favorável à resistência armada.

O legado

Martin Luther King foi assassinado em 4 de abril de 1968, aos 39 anos, na varanda de seu quarto em um hotel em Memphis, no Tennessee. O autor do tiro, disparado de fora do prédio, foi identificado como sendo um defensor da segregação racial.

O assassinato provocou uma forte revolta nos Estados Unidos, com protestos em mais de 100 cidades, incluindo a capital, Washington. A violência dos conflitos entre manifestantes e policiais resultou em mais de 40 mortes, 3.500 feridos e 27 mil presos. 

Ainda hoje, King segue como grande referência para os movimentos negros que combatem a discriminação racial, a desigualdade e a exclusão social, como o Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). O grupo organiza protestos, principalmente, contra a violência policial em relação aos negros e o tratamento discriminatório no sistema de justiça criminal dos Estados Unidos.

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