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5 possíveis temas de redação da Fuvest 2023

Crise da democracia e pós-verdade são algumas das apostas para este ano. Veja mais temáticas que são a cara da Fuvest e como abordá-las

Por Juliana Morales
28 dez 2022, 16h09

Além de responderem questões discursivas, na segunda fase da Fuvest 2023 os candidatos deverão escrever uma dissertação argumentativa. A banca do vestibular da USP valoriza o texto bem articulado e espera que o estudante saiba fundamentar sua tese com seu repertório pessoal de informação.

Diferentemente da Unicamp, que costuma surpreender ao pedir diferentes gêneros textuais, a prova de redação da Fuvest segue uma padrão clássico. “A única grande surpresa será a temática do texto”, garante o diretor executiva da Fuvest, Gustavo Monaco, em entrevista ao GUIA DO ESTUDANTE.

A abordagem temática do vestibular da USP é marcada, ao longo dos anos, por temas mais teóricos e provocativos, levando o candidato a uma análise ampla da sociedade, ainda que bastante pautada na realidade contemporânea. É comum a escolha por temas abstratos, ou seja, aqueles que são abrangentes e com mais possibilidades de interpretação. Esta é uma das diferenças mais marcantes em relação ao Enem, que se debruça sobre um problema social específico que demanda resolução objetiva e imediata.

+ Entenda como é a redação da Fuvest

Tendo tudo isso em mente, conversamos com professores e levantamos temáticas que têm chances de aparecerem no vestibular deste ano. A ideia aqui não é adivinhar o tema, mas permitir que o candidato tenha uma preparação mais direcionada, entendendo qual tipo de temática é a “cara” da Fuvest.

Além disso, os repertórios indicados a seguir não ficam restritos apenas ao temas levantados pelos professores e podem servir para diversas propostas. Confira!

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Fake news e pós-verdade

Com o impulsionamento da comunicação via internet e a forte polarização política, a sociedade assiste a uma desconstrução da verdade factual. Trocando em termos mais simples, isso quer dizer que fatos que até então eram amplamente aceitos por serem comprovados – como a constatação de que o planeta Terra é redondo – agora passam por questionamentos e até invalidação.

É como se não houvesse uma verdade factual e cada um pudesse ter sua própria versão sobre qualquer assunto. Essa seria uma maneira de fomentar e dar sustentação a opiniões e ideologias.

Isso tudo abriu espaço para o fenômeno das “Fake News” (notícias falsas) e para a Era da “pós-verdade”, onde as crenças importam mais do que os fatos.

Lúcio Manga, professor e autor de redação do Sistema pH, acredita que este pode ser o tema escolhido pela Fuvest ou que ele apareça ao menos como eixo temático. Ou seja, dentro desta discussão mais ampla de fake news, a prova pode abordar um aspecto mais específico, como “a desinformação em grupos de mensagens”, por exemplo.

“Caso apareça como eixo temático, é importante lembrar que essa temática está relacionada ao fato de que vivemos em um mundo em que há cada vez mais informações, porém com pouco sentido”, diz Lúcio. Levando isto em consideração, o professor indica três pontos para reflexão:

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  1. A descentralização da informação em função das novas tecnologias de comunicação.
  2. O contexto marcado por acentuada polarização política, alimentado pela proliferação de notícias falsas.
  3. A desconfiança que recaiu sobre a mídia tradicional, o que gerou a autonomia na busca por informações.

+ O que é negacionismo e como ele apareceu ao longo da História

Redes sociais

Outro aspecto do digital que a prova pode abordar, segundo o professor, é como o ambiente das redes sociais modificou o modo de vida contemporâneo, colocando em debate a ideia de vida pública e vida privada. É uma questão que faz parte do comportamento de muitos jovens e exige urgência na amplificação do debate. Um prato cheio para o tema de redação.

O professor destaca dois pontos centrais em relação ao tema. O primeiro é o fato que o mundo virtual é mais democrático, na medida em que criou um espaço mais amplo de expressão e circulação de opiniões. Os custos para se comunicar diminuíram e ficou mais fácil se mobilizar. O segundo ponto é que, ao mesmo tempo, assiste-se a um evento que envolve o comportamento sem limites de uma infinidade de pessoas, com o propósito de conseguir “curtidas”.

“Esse comportamento é alimentado pela monetização, uma vez que o número de curtidas vale dinheiro. Assim, é importante ler sobre esse tipo de comportamento que tem se consolidado como estilo de vida, seja dos que fazem de tudo (tudo mesmo) para chamar atenção nas redes, seja da plateia que alimenta esse comportamento”, analisa o professor.

+ Como proteger a saúde mental das armadilhas das redes sociais?

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Crise da Democracia

Mais uma discussão que tem ganhado força no Brasil e no mundo é a crise da democracia. “Existe uma crise na democracia representativa, em que muitas pessoas votam, mas não se sentem representadas”, diz Felipe Leal, professor do Curso Anglo. E o problema não para por aí: outras instituições que sustentam o sistema democrático, como a imprensa, também atravessam momentos de instabilidade.

Tudo isso, somado às crises econômicas que se acumulam desde 2008, tem resultado em uma descrença no sistema democrático e no surgimento de governos autoritários na América Latina e em outros lugares do mundo. Neste outro link, separamos cinco leituras para entender melhor a crise das democracias.

Segundo Leal, uma abordagem interessante para este tema seria apontar a necessidade da democracia se reinventar. Uma possível referência nesse assunto é a ideia de democracia deliberativa, cunhada pelo filósofo alemão Jürgen Habermas. “Trata-se de um modelo democrático no qual as coisas ficam menos delegadas para os políticos eleitos, a população participa mais e existe um debate mais racional”, explica Leal.

Para se aprofundar no tema, veja a análise “Basta ter uma eleição para ser uma democracia?”

Neonazismo

Em novembro, um atirador usando uma suástica, símbolo nazista, matou três professoras e uma aluna em dois colégios de Aracruz, Espírito Santo. Infelizmente, não se trata de apenas um caso isolado. Um mapa divulgado neste ano e elaborado pela antropóloga Adriana Dias, que se dedica a pesquisar o neonazismo no Brasil desde 2002, mostrou que grupos neonazistas cresceram 270% no país em três anos (de janeiro de 2019 a maio de 2021). Segundo o levantamento, existem pelo menos 530 núcleos extremistas, um universo que pode chegar a 10 mil pessoas.

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Este é mais um tema que pode estar no radar da Fuvest 2023.

Pensando em referências para o assunto, o professor do Anglo destaca a frase do filósofo alemão Theodor W. Adorno, que defendeu que o papel da educação é garantir que Auschwitz não se repita – referindo-se ao campo de concentração no sul da Polônia, o maior símbolo do Holocausto perpetrado pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial.

“Vale a reflexão do porquê muitos jovens estão sendo atraídos por movimentos neonazistas, qual é o papel da internet nisso e o que a educação pode fazer a respeito”, observa o professor.

Um outro aspecto importante desta discussão, segundo Leal, é a questão da liberdade de expressão. Em fevereiro deste ano, o youtuber Bruno Aiub, conhecido como Monark, defendeu que a criação de um partido nazista deveria ser permitida durante uma transmissão do podcast Flow. Ele e seus defensores tentaram se justificar usando o argumento da liberdade de expressão irrestrita, que permitiria, inclusive, a propaganda nazista.

“Isso leva também para aquela ideia do paradoxo da tolerância, do filósofo austríaco Karl Popper. A democracia, para se resguardar, pode ou não restringir a liberdade de manifestação? É justamente um paradoxo porque você tem que ser intolerante contra intolerante. Caso contrário, ele ganha poder e acaba com a sociedade democrática da tolerância”, explica Leal.

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Neste outro texto, explicamos mais o que é paradoxo da tolerância e como ele pode ser usado na redação

Positividade tóxica

O último tema que pode aparecer na prova da Fuvest 2023 é o da positividade tóxica. O pensamento positivo não é maléfico, o problema é quando ele se transforma em um discurso marqueteiro de redes sociais.

“Nesse cenário, uma pessoa que está em busca de emprego e ainda não conseguiu nenhuma vaga tende a responsabilizar apenas a si mesmo, ignorando que também existem fatores maiores como a crise econômica e a alta taxa de desemprego que a sociedade enfrenta”, diz Leal.

Um possível repertório para o tema seria o ensaio A sociedade do cansaço, do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han. Ele defende que a partir do pensamento mágico de que “querer é poder”, as pessoas sofrem com a exigência de hiperprodutividade.

Se quiser saber mais sobre o tema, nesta outra reportagem conversamos com especialistas sobre a pressão de estar bem o tempo todo

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